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Ladrões preferem principais vias

Mapa de roubos e furtos de carros aponta que a
maioria dos crimes ocorre em locais movimentados

Por Yara Ferraz
10/04/2017 | 07:01
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Denis Maciel/DGABC


 O maior número de roubos e furtos de veículos no Grande ABC ocorre nas principais vias das sete cidades. A campeã é a Avenida dos Estados, nos trechos entre Santo André e São Caetano que, neste ano, registrou 42 ações criminosas, seguida pela Estrada dos Alvarenga, em São Bernardo, com 28 ocorrências. O levantamento foi feito pelas três delegacias seccionais da região, a pedido do Diário, e compreende janeiro e fevereiro de 2017.

Em Santo André, a Avenida dos Estados é uma das principais ligações com a Capital. Segundo o delegado seccional da cidade – também responsável por Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra –, Hélio Bressan, este é um dos motivos para o alto número de registros. “São muitas entradas e saídas. Se você pegar a quantidade de veículos que circula em Santo André, não é um número alto, embora o ideal é que nenhum carro fosse roubado. Só que o policiamento preventivo não consegue estar em todos os locais o tempo todo”, afirmou.

Ainda segundo o delegado, a implantação do Projeto Radar – anunciado recentemente – deve ajudar a diminuir os números. O convênio possibilita que radares enviem informações de carros roubados a viaturas das polícias Civil e Militar. Inicialmente, são 17 equipamentos no município com a tecnologia. A Polícia Civil também realiza diversas operações na área.

Em São Bernardo, a via mais perigosa para os motoristas é a Estrada dos Alvarengas, São 28 ocorrências, a maioria por roubos (17). A Rua Garcia Lorca, que é sem saída, aparece em seguida, com 14 ações, todas classificadas como furtos de veículos. “É uma via (Alvarenga) muito grande, com saída para todo lado. O problema envolve diversas companhias e distritos. Por isso apostamos em operações em conjunto com a PM (Polícia Militar) para ajudar a diminuir estes números”, afirmou o delegado seccional de São Bernardo e de São Caetano, Aldo Galiano Júnior.

Mesmo com poucos registros, São Caetano teve três ocorrências na Avenida dos Estados e na Presidente Kennedy. Em Mauá, o local com maior número de crimes é a Barão de Mauá, com 13 ocorrências. A avenida é uma das principais da cidade e liga diversos bairros, como Vila América, Jardim Nóbrega e Jardim Maringá. Na Estrada da Cooperativa, em Ribeirão Pires, foram sete ocorrências. Em Rio Grande da Serra, as avenidas Dom Pedro I e Santa Teresa e a Rua Aurélio Figueiredo têm dois registros cada uma.

A Avenida Piraporinha é a campeã em Diadema. São oito roubos e cinco furtos de veículos, totalizando 13 registros. A Ulysses Guimarães, no Centro, tem 12, sendo todos roubos a veículos. “Uma vez por mês realizamos operação de todos os distritos policiais. Temos muitas áreas de divisa com São Paulo”, disse Antônio Tadeu, delegado assistente da delegacia seccional de Diadema.

A PM informou que nas áreas citadas, além dos programas de policiamento desenvolvidos diuturnamente, desencadeou, neste ano, seis operações com o intuito de reduzir e controlar este tipo de delito. “E surtiu efeito pelos dados estatísticos que apontam redução de 11% em relação ao mesmo período do ano anterior”, informou, em nota.

Segundo a PM, ladrões se aproveitam de descuidos dos motoristas, tais como entrada e saída de garagens e paradas em semáforos. Já em relação aos furtos, os ladrões costumam preferir lugares em que o veículo fica por longos períodos estacionados, entre eles, nas proximidades de centros comerciais, faculdades, estações de trem e terminais de ônibus. Os períodos de maior incidência dos crimes são no fim da tarde e início da noite.

Para especialista, leis deveriam ser mais rígidas nas punições
Na opinião do especialista em segurança pública e privada Jorge Lordello, as leis deveriam ser mais rígidas nas penas estabelecidas para ambos os tipos de crimes. Segundo o Código Penal, a pena para o roubo é de quatro a dez anos de reclusão, podendo ser prorrogada para 15 em caso de violência, e de um a quatro anos para o furto. “É um círculo vicioso, que acaba funcionando como enxugar gelo. É uma questão problemática porque geralmente estas pessoas têm ficha criminal que vai aumentando. No furto de veículos, a pessoa não fica presa, é liberada em audiências de custódia.”

Ainda segundo Lordello,com punições de acordo com a gravidade do crime, a tendência é que os números sejam menores. “Muita gente se ressocializaria pela dureza das penas. Ninguém gostaria de passar mais tempo na cadeia. O ser humano faz essa ponderação. Se não mudar isso, é uma briga eterna de gato e rato. O policial faz um planejamento e o bandido também faz o dele.”

ÍNDICES
Atualmente, a região mantém queda nos índices de roubo e furto de veículos. Conforme dados da SSP (Secretaria de Segurança Pública) do Estado, os números de janeiro e fevereiro somados representam 1.723 e 1.504 casos respectivamente. Considerando somente fevereiro, houve alta de 1,43% nos roubos e 6,96% em relação aos furtos.

Moradores do entorno e vítimas temem criminalidade
Morar ou trabalhar em uma das vias que aparece no mapeamento das delegacias não é tarefa das mais fáceis. Os moradores também temem ser vítimas dos roubos ou furtos de veículos e redobram a atenção, assim como quem passou pelo trauma.

O borracheiro Romarque Pedrosa, 41 anos, atua há cerca de seis anos na Rua Luís Pequini, em São Bernardo. Ele já teve o carro roubado na via há três anos e diariamente presencia clientes que passam pelo mesmo problema. “Além do roubo do carro, tem muito furto de roda ou estepe.” “É complicado. Há cerca de 15 dias a polícia pegou ladrões aqui. Redobramos o cuidado para entrar e sair da garagem”, disse a dona de casa Rita Moura, 57.

A atenção redobrada também é utilizada por quem trabalha no entorno das vias, caso do polidor Júlio César Ribeiro, 23, funcionário de uma oficina próximo à Avenida dos Estados. “Aqui é conhecido como a rua onde mais se rouba carros. Procuro ficar ainda mais atento.”

Na Estrada dos Alvarenga,em São Bernardo, um comerciante, que preferiu não se identificar, relatou que roubos e furtos são comuns por causa do Hospital de Clínicas. “O pessoal coloca o carro na rua e quando volta, já levaram. Semana passada mesmo aconteceu um caso. Também presenciei o roubo de uma moto.”

Na Avenida Piraporinha, em Diadema, morador que também não quis se identificar falou que a área é um problema. “Não é a só avenida. As ruas ao lado são complicadas.”

O contabilista Valter Nunes da Silva, 46, teve o veículo furtado no Centro de Santo André no fim do ano passado, quando visitou a mulher em hospital em que ela faz tratamento de leucemia. “Sensação de impotência”, resumiu.




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