Política Titulo São Bernardo
MP recomendou à gestão Marinho precaução com mutirão de catarata

Em 2010, morador acionou promotoria depois de relatar série de problemas com atendimento de sua mãe durante cirurgia

Leandro Baldini
Do Diário do Grande ABC
18/02/2016 | 07:00
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Claudinei Plaza/DGABC


O Ministério Público advertiu formalmente em março de 2011 o governo do prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), para que mutirões cirúrgicos fossem realizados de maneira mais organizada e planejada. A recomendação foi assinada pela promotora Silvia Marques Gonçalves Pestana, em representação civil aberta após denúncia de morador, que reclamou de problemas no atendimento com sua mãe, que tinha na ocasião 71 anos, justamente em procedimento para catarata, ocorrido em 2010, no Hospital Anchieta. Seis anos depois, mutirão da catarata terminou com saldo de 18 cegos.

À época, a Pasta de Saúde era comandada por Arthur Chioro (PT), que deixou a gestão em 2014 para assumir ministério – ele foi demitido no fim do ano passado. No dia 30 de janeiro, no Hospital de Clínicas, 27 pessoas passaram por atendimento, sendo que 21 delas foram infectadas pela bactéria Pseudomonas aeruginosa. Até o momento, ao menos 18 pacientes ficaram cegos, dez precisaram remover o globo ocular e outros dez seguem internados. O caso é alvo do MP.

O governo Marinho abriu sindicância para apurar ocorrências do episódio. A secretária de Saúde, Odete Gialdi, revelou, no entanto, que pode não divulgar todas as informações à população. Já Marinho tem evitado comentar o caso.

Em 2010, a representação partiu do munícipe Rogério de Sousa Oliveira, que fez duras críticas à gestão petista depois que sua mãe, Lair de Sousa Oliveira, passou pelo mutirão da catarata. Na representação civil número 42.0167.0000135/10-7, Oliveira detalhou série de problemas com o atendimento de sua mãe, que ficou sem realizar por alguns dias os exames pós-operatórios.

A administração petista justificou que os problemas citados pelo munícipe ocorreram por conta de falta de estrutura, salientando que garantiu o atendimento completo à parente do reclamante. O MP concluiu a queixa pelo arquivamento, porém, adicionou “envio de recomendação para que eventuais mutirões da rede sejam mais organizados e planejados, a fim de evitar constrangimentos e desconforto aos munícipes atendidos”.

O documento foi divulgado ontem pelo vereador de oposição Julinho Fuzari (PPS). “Trouxe esse caso à tona porque na semana passada o secretário de Governo (José Albino, PT) ficou irritado quando disse que a titular da Saúde faltou com a verdade sobre problemas já ocorridos em mutirões. Essa é mais uma prova”, condenou o popular-socialista.

No dia 10, Odete compareceu à sessão de vereadores para prestar esclarecimentos sobre o caso e se comprometeu a novas visitas em reunião fechada. O encontro foi ríspido com a oposição e a secretária saiu às pressas sem responder questionamentos da imprensa. “Foi uma reunião que faltou muita informação. Aponto novamente que ela faltou com a verdade, porque já não compareceu hoje (ontem)”, adicionou Julinho, que ainda tenta aprovação para instalação de CPI sobre o caso (leia mais abaixo).

Procurada, a gestão Marinho não respondeu aos questionamentos do Diário em relação à recomendação do MP de 2011. 

CPI continua sem votos para ser instalada na Casa

A CPI da Catarata em São Bernardo, que foi colocada em discussão na semana passada, ainda não reuniu 15 assinaturas para ser apreciada na Casa em regime de urgência.

Autor do pedido, o oposicionista Julinho Fuzari (PPS) reclamou bastante da postura da base governista do prefeito Luiz Marinho (PT) durante a sessão de ontem. O popular-socialista conseguiu emplacar a inclusão da CPI na pauta de votações, porém sem o crivo de regime de urgência. Assim, o tema foi para o fim da fila de análise no plenário.

Julinho conclamou adesões à comissão, mas sem o quórum necessário no plenário o pedido não prosperou. “O que aconteceu hoje (ontem) foi uma manobra. Eu não consegui falar. Quero fazer essa reflexão com os vereadores. Uma CPI ajudará muito a evidenciar muitas situações. Não vou desistir. Na sessão da semana que vem vou me inscrever como cidadão para garantir meu discurso na tribuna”, criticou.

A sessão de vereadores ontem foi marcada por pouco efetivo. Apenas um veto de Marinho a uma emenda, justamente proposta por Julinho, foi aprovado. Nas demais, quatro horas de sessão os trabalhos foram suspensos e muitos vereadores se ausentaram do plenário.

A bancada do PT, composta por oito vereadores, evitou comentar o assunto. Já os integrantes do G-9 (ala independente) se revezaram em constantes saídas do Parlamento.

“É uma vergonha como determinadas coisas são tratadas aqui na Câmara. Os vereadores simplesmente se ausentam e tudo trava”, criticou o também oposicionista Juarez Tudo Azul (PSDB).

Presidente do Legislativo, José Luís Ferrarezi (PT) reforçou que sem as 15 assinaturas o pedido de CPI não irá avançar. “Para que a investigação avance o regimento pede 15 adesões. Não é por minha vontade ou da mesa diretora. É o regulamento”, pontuou




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