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Cai procura de mulheres por delegacia especializada

Estatísticas do Estado apontam queda em registros de lesão corporal nas quatro DDMs

Por Rafael Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
08/02/2013 | 07:00
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As quatro DDMs (Delegacias de Defesa da Mulher) existentes na região - em Santo André, São Bernardo, Diadema e Mauá - terminaram 2012 com queda de 27,61% no número de ocorrências de lesão corporal, na comparação com o ano anterior. Os dados são das estatísticas criminais da SSP (Secretaria de Estado da Segurança Pública).

Os números refletem tendência de outras regiões. A Polícia Civil informa que, apenas em dezembro, os casos de agressões contra mulheres na Capital apresentaram queda de 29,4%, passando de 1.412 para 997 registros no ano passado.

Na Grande São Paulo, número total de ocorrências no mesmo período passou de 1.245 para 921. Ao todo, só em dezembro dos dois anos, o Estado viu diminuir 37,72% da quantidade de registros de agressões contra mulheres.

Mesmo com queda nos números, especialistas apontam que a violência contra pessoas do sexo feminino está longe de diminuir de fato. Isso ocorre porque as delegacias especializadas da região registram menos boletins de ocorrências do que os distritos comuns, que fazem plantão 24 horas.

"É preciso fazer uma análise maior para ver o que significa essa queda. As mulheres podem estar procurando justamente essas delegacias de plantão ou indo diretamente aos centros de atendimento", comenta Dulce Xavier, coordenadora do GT (Grupo de Trabalho) de Gênero do Consórcio Intermunicipal.

Somente pelos casos de lesão corporal registrados, a região apresentou média de seis mulheres agredidas por dia. Número considerado preocupante. "A queda pode, sim, ser resultado direto da atuação mais enfática nos casos de agressões. As pessoas acabam tendo outras experiências. O marido vê um conhecido pagando o preço por agredir a companheira e passa a dar mais espaço para o diálogo familiar", avalia a delegada titular da DDM de São Bernardo, Ângela Andrade Ferreira.

Para ela, o alto número boletins registrados mostra mudança na postura das mulheres. "Hoje elas estão mais confiantes em falar, se sentem melhor em trazer o problema para a gente, expor e buscar uma solução viável", salienta.

Não existe, segundo a Polícia Civil, perfil definido das vítimas que costumam procurar as delegacias especializadas no atendimento ao público feminino. "São de todas as classes sociais.".

Entre os agressores, o perfil se aproxima. A maioria é casada com a vítima e tem problemas de alcoolismo, de acordo com a delegada. "A relação já apresenta um certo desgaste e, em virtude da embriaguez, uma discussão leva à lesão corporal, injúria e ameaça", acrescenta.


Aumenta número de denúncias via 180

Diferentemente das ocorrências policiais, o número de ligações de mulheres à Central de Atendimento à Mulher (180) bateu recorde em 2012, chegando a 2.150 chamadas por dia no País, segundo a Secretaria de Políticas Para as Mulheres.

Um total de 56,65% dessas ligações foram referentes a agressões físicas sofridas. Em 70% desses casos o autor foi o marido ou companheiro, e em 59,57% a violência acontecia diariamente.

A situação no Brasil é preocupante, segundo os especialistas. Em 52% das ligações recebidas pelo 180, a vítima corria risco de morrer. Os homicídios contra mulheres cresceram 230% entre 1980 e o início da década.

Na região, das cidades que responderam ao pedido de dados feito pelo Diário, São Bernardo e Santo André mostraram crescimento nos atendimentos.

O Centro de Referência da Mulher são-bernardense viu os atendimentos aumentarem de 186 em 2009 para 294 no ano passado. No programa Vem Maria andreense, as vítimas que pediram ajuda subiram de 1.032 para 1.660 no mesmo período.




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