A classe média brasileira, composta por 104 milhões de pessoas (52% do total da população, de 197 milhões), até o fim deste ano terá movimentado na economia R$ 665 bilhões com o recebimento de salários. O montante supera o PIB (Produto Interno Bruto), ou seja, o total de riquezas geradas em Portugal, que encerrou 2011 com R$ 444,8 bilhões (com o euro a R$ 2,60).

Os dados integram pesquisa do Instituto Data Popular divulgado ontem, que ouviu 1,8 mil pessoas nas ruas de 57 cidades e 20 mil pela internet.

Se a classe média brasileira fosse um país, seria a 12ª maior nação do mundo, e equivaleria a uma Alemanha, duas Australias ou quatro Colômbias. Com renda mensal familiar entre R$ 1.540 e R$ 2.313, esse estrato social tem potencial de consumo de R$ 1,03 trilhão, o que o classificaria como o 18º país do mundo nesse quesito.

Cerca de 52% da população integrante da classe média, ou seja, 53 milhões de pessoas são negras. E as principais ocupações daqueles que têm entre 18 e 30 anos são vendedores e operadores de caixa. A geração anterior a essa, ou seja, de seus pais, hoje com 48 a 60 anos, é composta por empregados domésticos e trabalhadores da construção civil. E essa mudança se deve, principalmente, ao aumento da escolaridade; os filhos estudaram 49% a mais do que seus pais - nas classes A e B, para efeito de comparação, esse percentual é de 20%. Da nova geração, 72% possuem Ensino Médio ou Superior, enquanto na anterior, apenas 34%.

Na avaliação do professor de Economia da Universidade Metodista de São Paulo, Sandro Maskio, o cenário é fruto de combinação de fatores, como a melhor distribuição de renda nos últimos anos, assim como o crescimento do emprego, maior oferta (e com valores mais acessíveis) de escolas e faculdades e o aparecimento de novos setores e profissões.