Setecidades Titulo Trânsito
SUS interna 6 vítimas
de acidentes por dia

Em 2013, hospitais atenderam 2.019 pessoas
que se envolveram em ocorrências no Grande ABC

Por Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
12/05/2014 | 07:00
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Orlando Filho/DGABC


O SUS (Sistema Único de Saúde) registrou em 2013 total de 2.019 internações por acidentes de trânsito em seis cidades do Grande ABC (exceto Rio Grande da Serra, que não conta com essa estrutura). O número equivale a média de seis pessoas por dia internadas por envolvimento em ocorrências com veículos.

Os dados são do Sistema de Informações Hospitalares do SUS, gerido pelo Ministério da Saúde por meio da Secretaria de Assistência à Saúde, em conjunto com as secretarias estaduais e municipais. Constam do levantamento unidades hospitalares públicas ou particulares conveniadas ao SUS, que documentam os números por meio da AIH (Autorização de Internação Hospitalar).

O maior volume de internações pelo SUS ocorreu em Santo André (795), seguido por Diadema (533), Mauá (434), São Bernardo (200), São Caetano (44) e Ribeirão Pires (13).

Para especialistas, o número é extremamente alto. “O ideal é que não tivesse nem seis por mês”, disse o professor de engenharia automotiva da Universidade Presbiteriana Mackenzie Luiz Vicente Figueira de Mello, que é especializado em mobilidade urbana.

“Isso mostra que está havendo desrespeito à legislação de trânsito”, ressaltou o diretor do Departamento de Medicina de Tráfego Ocupacional da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego), Dirceu Rodrigues Alves Júnior.

A primeira causa atribuída por ambos aos frequentes acidentes é a falta de educação. “Precisamos ter respeito desde a base dos novos motoristas e motociclistas”, ressaltou Mello.

“A educação de trânsito deve ser incluída nas escolas, conforme o Código Brasileiro de Trânsito, para que se modifique a cultura da população com relação à mobilidade”, pontuou Alves Júnior.

Outras questões referem-se ao Estado e aos municípios, como a falta de fiscalização e de infraestrutura viária. “Há ruas em que as calçadas estão desprotegidas, permitindo que veículos subam e atropelem as pessoas. Há passeios estreitos ou irregulares que obrigam os pedestres a caminhar pelas ruas. É um emaranhado de problemas que precisam ser vistos”, disse o diretor da Abramet.

“Ações simples podem evitar acidentes como os de motocicletas, por exemplo. Dar uma largura mais ampla ao lado esquerdo da pista, onde a velocidade é maior, faria com que as motos não precisassem circular em volta dos automóveis”, opinou o professor.

FROTA

A grande quantidade de veículos nas ruas também é fator significativo do alto índice de acidentes . A região do Grande ABC possui frota de 1,6 milhão de veículos. “Seria de grande valia haver uma migração para o transporte público, mas é preciso mostrar que ele é confiável, tem acessibilidade e é pontual para que se estimule o uso”, avaliou Mello.

“O sistema viário não cresce e aumenta o número de veículos. Parece que o governo está preocupado com o problema econômico, mas não com o problema da vida e dos doentes que o trânsito causa”, criticou Alves Júnior.

Internações geraram gastos de R$ 2,3 milhões ao sistema

As internações de 2013 no Grande ABC custaram ao SUS (Sistema Único de Saúde) total de R$ 2,3 milhões, bem mais que as hospitalizações causadas por um tipo de hipertensão comum, chamada primária (que é a causa da pressão alta em 95% dos pacientes), com R$ 329,9 mil.

O diretor do Departamento de Medicina de Tráfego Ocupacional da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego), Dirceu Rodrigues Alves Júnior, destaca o prejuízo. “O custo desse paciente politraumatizado é muito grande. Os acidentados de trânsito ocupam leitos do tratamento clínico. Por exemplo, em UTI (Unidade de Terapia Intensiva) com dez leitos, seis serão ocupados por vítimas do trânsito e não há espaço para colocar um diabético em coma, uma pessoa que sofreu acidente vascular cerebral, um pós-operatório grave”, listou. “Passamos por epidemia e não há atuação de maneira conveniente para combater o problema.”

Alves Júnior frisa que a fiscalização efetiva poderia trazer bons resultados. “É necessário que o Ministério das Cidades institua o que o Ministério da Saúde faz para combater uma epidemia da dengue. Assim como há grupos de trabalho para ir de casa em casa combater os focos da doença, precisamos de equipes em pontos críticos onde os acidentes acontecem, levando situações de prevenção.”

Municípios desenvolvem campanhas educativas

Prefeituras da região desenvolvem campanhas para chamar a atenção aos altos índices de acidentes de trânsito.

Em Mauá, a Secretaria de Mobilidade Urbana realiza atividades de conscientização por meio do Departamento de Educação no Trânsito, que inclui ações de travessia segura e blitz educativas.

Em Diadema, as atividades estão previstas no PPA (Plano Plurianual). Em dezembro do ano passado, representantes da Pasta visitaram o Centro de Reflexão de Trânsito de São Bernardo para estudar a possibilidade de implantar escola de trânsito no município.

Santo André informou que tratativas em parceria com os demais municípios resultaram na adesão à Campanha Travessia Segura, capitaneada pelo Consórcio Intermunicipal e que, neste ano, conta com R$ 4 milhões em recursos para toda a região.

São Bernardo realiza ações de educação para o trânsito com estrutura própria do Executivo, por meio do CRT (Centro de Reflexão de Trânsito). No local é desenvolvido o programa Mobilidade para a Cidadania, com atividades como atendimentos a alunos das redes municipal, estadual e particular de ensino e palestras para empresas e universidades. Também é oferecido curso de formação de multiplicadores direcionado aos professores.

Ribeirão Pires tem intensificado as ações de conscientização sobre educação no trânsito, em adesão ao Maio Amarelo, campanha nacional que alerta para o aumento no número de mortos e feridos em acidentes. Agentes de trânsito se tornam orientadores durante blitz educativa.  




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