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Autopeças querem R$ 2 bi para aumentar a produção
Por Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
22/03/2005 | 14:11
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Financiamento especial para pequenas empresas de autopeças investirem na ampliação da capacidade de produção. Essa é a principal reivindicação do Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Peças e Componentes Automotores) e da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) para dotar todo o setor automotivo de condições para atender à demanda das montadoras.

As duas entidades negociam com o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) a criação da linha setorial para injetar R$ 2 bilhões para investimentos de modernização do parque industrial. A linha poderá ficar disponível até maio. A intenção é reduzir problemas de faltas de peças para as montadoras de veículos e contribuir para o crescimento das empresas do segmento.

A aprovação do financiamento terá reflexo direto na economia e produção do Grande ABC. Estão na região fábricas de seis montadoras – Volkswagen, Ford, General Motors, Scania, DaimlerChrysler e Toyota, que empregam cerca de 42 mil trabalhadores – e 89 das 461 indústrias de autopeças do país, quase 20% do total.

Estudo encomendado pelo Sindipeças à consultoria Booz, Allen & Hamilton apontou que subsetores como fundição e forjaria têm pequena capacidade ociosa, ou seja, estão próximas do limite máximo de capacidade de produção. Forjaria tem 4% de ociosidade e forjaria, 5%, pelo levantamento. Por conta do gargalo para a expansão mais acelerada da indústria automobilística, o sindicato negociou o programa de crédito. Para aumentar a produção, o setor de autopeças precisa de recursos para investimentos em tecnologia, sob pena de perder competitividade no mercado.

Segundo o conselheiro do Sindipeças, Flávio Del Soldato, um dos pontos já acertados é que será uma operação direta – sem a intermediação dos bancos comerciais. E a garantia ao BNDES será dada por um fundo de recebíveis, que terá o respaldo das faturas de vendas feitas pelas pequenas indústrias a montadoras e sistemistas (fabricantes de conjuntos de peças).

O fato de a operação ser direta reduz a taxa de juros, já que dispensa a necessidade de spread (taxa de risco cobrada pelos bancos comerciais) do agente financeiro. Normalmente, o banco do governo só financia diretamente projetos acima de R$ 10 milhões. “É financiamento para pequena empresa, mas com juros de grande empresa”, afirma Soldato, que participou segunda-feira do Seminário Compras Automotivas, Momento de Decisão, realizado pela editora Autodata, em São Paulo, em que ele expôs as propostas do Sindipeças para o setor automotivo.

O dirigente do Sindipeças acrescenta que a indústria do segmento poderá ter, pela linha, empréstimo com juros da TLJP (Taxa de Juros de Longo Prazo) mais uma taxa, por exemplo, de 4% ao ano. A linha deverá oferecer ainda maior período de carência e maior prazo de pagamento do que outros programas do BNDES. Para a Abifa (Associação Brasileira das Indústrias de Fundição), a maturação de um projeto de investimento em expansão leva até cinco anos, prazo superior ao habitual de um ano de carência para início do pagamento.

No próximo dia 28, Sindipeças e Anfavea vão se reunir para discutir os detalhes que faltam do programa de financiamento.

Pressa – A Uniforja, forjaria localizada em Diadema, já está no limite da capacidade da produção de itens automotivos. Para o presidente da empresa, José Domingos Peres dos Santos, uma linha especial para o setor é bem-vinda. A fabricante já tem projeto no BNDES, em que pleiteia R$ 12 milhões para ampliar em 20% a capacidade de fabricação de engrenagens para câmbio de veículos. Santos afirma, no entanto, que há pressa, já que a sistemista Eaton, para a qual fornece a engrenagem, já sinalizou que poderá adquirir máquina para assumir a fabricação do item.



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