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Alagados passam manhã tirando lama de casa
Por Luciana Sereno
Do Diário do Grande ABC
26/05/2005 | 08:02
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Moradores lavando calçadas e retirando de dentro de casa o entulho trazido pela água das chuvas. O cenário era comum nesta quarta de manhã na região central de São Caetano, nas proximidades da avenida Guido Aliberti. Algumas famílias perderam tudo. É o caso da doméstica Sandra Rocha. Ela e os seis filhos tiveram de pedir auxílio à Prefeitura. Colchões, cobertores e os poucos mantimentos que tinham dentro de casa foram perdidos. Foi a administração municipal que repôs os objetos.

Desempregada, Sandra teve de contar com a ajuda de vizinhos para alimentar os filhos, entre eles um casal de gêmeos de 2 anos, enquanto tentava desgrudar a lama do piso de casa. "Só conseguimos salvar as roupas que estavam em local mais alto. Desta vez tive certeza de que mesmo sem condições tenho de me empenhar para conseguir mudar daqui. Não posso manter meus filhos sob risco. Se chover e eu estiver fazendo um bico, eles não conseguirão fugir porque a água chega de uma só vez. Mal dá tempo para pensar."

Situação parecida era a da costureira Renata de Macedo, que mora há um ano na rua Senador Vergueiro. "A água começou a entrar em casa por volta da 1h. Só baixou às 6h. É a primeira vez que a casa toda ficou alagada. O pior é você ver a água entrando descontroladamente e não poder fazer nada para impedir." Da casa, colchões, uma cama, uma cômoda e utensílios de cozinha foram para o lixo.

Na concessionária Primarca, os vendedores bem vestidos trocaram telefones e computadores por rodos e vassouras. Toda a loja foi tomada pela água da chuva da madrugada. "A sorte é que transferimos os carros para outro local onde há comportas", disse o gerente de vendas Edvaldo Piotto. Segundo ele, minutos antes de a água inundar as ruas próximas, cerca de 100 veículos novos estavam na loja.

"Foi estranho porque o alagamento das ruas começou por volta das 20h, mas a água não chegava a bater na parte alta, onde está o prédio e ficam os carros. Mesmo assim, esperamos até as 23h. Foi aí que resolvemos ter a precaução de retirar os carros e fechamos a loja." Segundo Piotto, não passaram duas horas até que um vigia do estabelecimento comunicasse o alagamento. "Salvamos os carros, mas perdemos algumas fichas de vendas e os computadores e móveis ficaram debaixo d'água."

Nesta quarta, durante a limpeza da loja, quem passava pela concessionária se deparava com uma fileira de cadeiras estofadas no local onde geralmente estão expostos os carros.

São Bernardo - O caos também fez famílias de São Bernardo trabalharem em mutirão para limpar a casa e recuperar objetos. Na rua Ida Leone Cleto, em Rudge Ramos, as águas atingiram 1,5 metro de altura. A casa do comerciante José de Brito, 61 anos, foi uma das mais atingidas.

No endereço, ele mantém uma revendedora de carros batidos. "Todo o salão estava cheio. Os carros ficaram submersos. Perdi também fogões, armários e sofás, que mantinha no piso térreo da casa."

Segundo ele, essa foi a terceira vez que sua casa foi inundada pela águas da chuva desde o início do ano. "Mas nunca havia sido nesta proporção." Morador do bairro há 10 anos, Brito afirma que não sabe mais que providências tomar para evitar novos prejuízos. "Não adianta mais reclamar porque nada é feito. A alternativa é limpar e torcer para que as próximas chuvas sejam menos intensas."




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