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Violência migra para o interior do país
Por Das Agências
28/02/2007 | 00:30
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As mortes por homicídios no Brasil concentram-se em 556 de 5.560 municípios brasileiros, ou em cerca de 10% das cidades do país, apontou estudo elaborado pela OEI (Organização dos Estados Ibero-americanos para Educação, a Ciência e a Cultura) com apoio do Ministério da Saúde. Segundo a pesquisa, as mortes violentas estão se deslocando das capitais para o interior do país.

A campeã brasileira na taxa de mortes por 100 mil habitantes é Colniza, que fica no Mato Grosso, próxima às divisas com Rondônia e Amazonas.

Criado há apenas nove anos, o município tem cerca de 13 mil habitantes e mais de 20 assassinatos por ano nos últimos três anos – o que chega a uma taxa de 165 mortes por 100 mil habitantes.

O estudo levantou os 10% dos municípios brasileiros que têm as maiores taxas de homicídios. São 556 cidades que concentram 71,8% dos assassinatos ocorridos no país em 2004 (último ano com dados consolidados).

Da primeira, Colniza, até a 556ª colocada – Nova América, em Goiás – a taxa baixa dos 165 por 100 mil para 29,8 por 100 mil.

Mas, ainda assim, todas estão dentro da faixa que o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) considera de “ruptura total dos mecanismos de segurança pública”, quando a população não confia mais que possa contar com a polícia para resolver seus problemas.

Ao contrário do que normalmente se espera, o mapa dos municípios não concentra essa situação apenas nas zonas metropolitanas, em grandes capitais como Rio de Janeiro e São Paulo.

Apesar dessas regiões ainda estarem entre as mais violentas entre os municípios pesquisados, em vários casos perdem para municípios pequenos que, aparentemente, não teriam razões para tantas mortes.

É o caso de Colniza e boa parte dos 10 municípios mais violentos. Nessa lista não está nenhuma capital e, entre os 10, apenas Serra (ES) e Ilha de Itamaracá (PE) estão entre as regiões metropolitanas.

Fronteiras - Estão nas áreas de fronteira e, principalmente, do arco do desmatamento da Amazônia alguns dos lugares mais violentos.

Assim como Colniza, Juruena, São José do Xingu e Aripuanã, todos no Mato Grosso e Tailândia (PA) fazem parte da mais nova fronteira agrícola brasileira, na qual ainda impera uma impressão de terra sem lei.

Foz do Iguaçu (PR) e Coronel Sapucaia (MS) estão em regiões de fronteira onde tráfico e contrabando fazem parte da realidade.

Capitais - Apesar da violência crescente nas terras escondidas do Brasil, as taxas de homicídios nas grandes cidades não podem ser esquecidas.

Apenas sete capitais não aparecem na lista de 10% mais violentas e as áreas metropolitanas de boa parte dos Estados têm situações preocupantes. É o caso do Rio de Janeiro, Pernambuco e Espírito Santo.

Realizado desde 1998, o Mapa da Violência do Brasil – que não incluía o recorte por municípios – já apontava Pernambuco e Espírito Santo como os dois Estados mais violentos do país.

O levantamento mostra agora que 45,4% das cidades pernambucanas estão na lista das mais violentas, incluindo Recife e zona metropolitana. No Rio de Janeiro, 44,6% das cidades estão na lista.

Nos casos de homicídio, o estudo aponta que 92,1% das vítimas é do sexo masculino. A taxa destas mortes entre a população negra é bem superior à da branca. Entre os brancos, a taxa em 2004 foi de 18,3 homicídios em cada 100 mil. Já entre os negro, a taxa foi de 31,7.

A diferença aponta que a população negra teve 73,1% de vítimas de homicídio a mais do que a população branca. Na Paraíba e Alagoas a vitimização dos negros é muito séria, ultrapassando 700% a dos brancos.



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