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Exportação de carros pode cair mais
Por Eric Fujita
Do Diário do Grande ABC
Com AE
12/03/2006 | 08:21
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A queda livre do dólar frente ao Real ameaça reduzir ainda mais as exportações das principais montadoras brasileiras e com sede no Grande ABC. Com essa oscilação, algumas fabricantes já pensam em rever novamente suas previsões das vendas ao exterior para este ano. Essa revisão deverá ocorrer se a moeda norte-americana chegar a patamares entre R$ 1,90 e R$ 2, como prevêem alguns analistas de câmbio.

Para se adaptar a essa oscilação, algumas fabricantes já haviam anunciado o corte nas exportações para 2006. A General Motors reduzirá as vendas externas em 20%. A Volkswagen também fará uma diminuição de 15% e a Fiat, de 30%. Na Ford também haverá esse recuo, mas a montadora não revelou de quanto será.

Na avaliação de especialistas, essa ameaça é iminente porque algumas medidas do governo federal incentivam a redução drástica do preço do dólar. Uma delas é a isenção do pagamento de Imposto de Renda para investimentos externos. A iniciativa acarreta em mais moeda norte-americana no mercado brasileiro, o que derruba o câmbio. Na sexta-feira, o dólar fechou em R$ 2,137.

Para o analista de câmbio da Souza Barros Corretora, Vanderlei Arruda, outras medidas do governo também contribuem para a queda acentuada. A principal delas é a política “ortodoxa” de se cortar a taxa Selic de forma muito lenta para manter a meta de inflação em 4,7% ao ano para 2006.

“Isso de fato prejudica as exportações das montadoras, pois entra menos dinheiro com a redução (do dólar). Alguns contratos foram fechados a um câmbio de R$ 2,60 e R$ 2,70”, disse. Arruda estima que o dólar não deverá aumentar acentuadamente no ano e deverá fechar 2006 a R$ 2,10.

Para Fernando Rolim, consultor automotivo da Rolim Consult, é muito provável que as montadoras revejam para baixo as previsões de exportações para não acumular prejuízos. Como alternativa, ele acredita que as empresas deverão compensar o problema com o incremento das importações, como já vem acontecendo em algumas companhias.

Montadoras – O presidente da General Motors para o Mercosul e Brasil, Ray Young, afirmou que a montadora poderá rever seu volume de exportações caso o dólar fique entre R$ 1,90 e R$ 2. Para este ano, a empresa estava trabalhando com um câmbio de R$ 2,30, já com a redução de 20% nas vendas externas para este ano. “É um valor ruim e impraticável. Mas nossas decisões dependerão do comportamento do dólar. Vamos aguardar”, afirmou Ray Young.

A Fiat já admite exportar menos que as 70 mil unidades previstas para este ano. O fortalecimento do Real e os custos elevados de produção reduzem a competitividade do carro nacional, avaliou o presidente da montadora para América Latina, Cledorvino Belini. Em 2005, a fábrica enviou 100 mil carros.

A exportação da indústria automobilística vem perdendo força, de acordo com dados divulgados nesta semana pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores). Nos dois primeiros meses do ano, o índice de crescimento chegou a 14,6%. Durante todo os anos de 2004 e 2005, os percentuais de crescimento eram de 56,8% e de 45,8%, respectivamente.




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