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Crianças do ABC mandam cartas a Papai Noel
Elaine Granconato
Do Diário do Grande ABC
22/12/2001 | 15:34
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Eterno símbolo da realização de sonhos, Papai Noel recebeu, pelo menos até a última sexta-feira, 200 cartas enviadas e postadas pelas crianças nas 39 agências de atendimento dos Correios no Grande ABC. No edifício sede da empresa, que fica no Jaguaré, em São Paulo, 7,5 mil cartas tinham chegado até quinta-feira, número que deve ultrapassar as 8 mil enviadas no Natal de 2000. Pela primeira vez, as unidades dos Correios da região tiveram acesso aos textos, simples ou sofisticados, coloridos ou em preto e branco, e escritos a mão ou impressos. Quanto aos pedidos, eles iam de uma simples boneca ou carrinho à cesta básica de alimentos.

Há dez anos, os Correios de São Paulo montaram o Projeto Papai Noel, um serviço de respostas às milhares de cartas que chegavam às agências e acabavam incineradas porque não tinham a quem ser remetidas. A maioria trazia apenas como endereço Pólo Norte ou Lapônia. Nos textos, as crianças acreditam na existência do Papai Noel e mandam suas mensagens. Algumas relatam o cotidiano sofrido e trazem pedidos simples, como o de um menino de Santo André que pede por um “brinquedo usado”. Ele explica que a família não tem condições financeiras.

Dessa forma, a estatal resolveu criar uma resposta-padrão, assinada pelo Bom Velhinho, renovável a cada ano, segundo Eunice de Jesus, 38 anos, que trabalha no centro de triagem dos Correios do Grande ABC, localizado na avenida dos Estados, em Santo André. Eunice, que ao lado da funcionária Dágila Mendes Bernardes, 27, foi quem leu, separou e se emocionou com as 200 cartas enviadas nas agências da região. “No início, me choquei com a sinceridade com que a criança expõe seus problemas familiares”, disse. Dágila foi mais além. “Faz a gente refletir quando você vê um garoto pedir por comida e não brinquedo.”

O espírito fraterno contagiou os cerca de 1,6 mil funcionários da área administrativa dos Correios no Grande ABC, que arrecadaram toneladas de alimentos e brinquedos. “Fizemos uma triagem das cartas mais carentes e o Papai Noel irá visitá-los”, disse Dágila. E foi exatamente o que ocorreu. O Bom Velhinho – Reinaldo Gama de Faria, 37 anos – levou as encomendas na última terça-feira e sexta-feira.

“Papai Noel!”, gritou a pequena Evelyn de Oliveira, 4 anos, moradora no Jardim Maravilha, em Diadema, quando viu o Velhinho descer da viatura amarela do Correio. “Uma boneca”, acrescentou, ao abraçar o pacote recebido das mãos daquele que ela só conhecia pela televisão. A festa foi completada com os presentes dos irmãos: Sarah, 1 ano, Guilherme, 2, e Manoela, 10, mencionados na carta endereçada para o Pólo Norte. A mãe, Miriam Rodrigues de Oliveira, 26, emocionada, disse que “não tinha condições de dar nada para os filhos”.

A emoção não foi diferente na casa de Helânio Rosa Santos, 10 anos, que reside no Jardim Zaíra 3, em Mauá. O sonho de ganhar um videogame foi concretizado. O abraço carinhoso no Papai Noel e seus olhos traduziram tudo.




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