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Após revés político, Trump tenta ressuscitar pacote de ajuda econômica
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08/10/2020 | 07:00
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A série de tuítes de Donald Trump, na terça-feira, torpedeando as negociações com os democratas para aprovar um pacote de estímulo à economia durante a pandemia, provocou um mal-estar entre aliados republicanos, surpreendidos com a decisão, e afetou sua campanha à reeleição. Ontem, após críticas de empresários e associações de classe, o presidente voltou atrás e tentou ressuscitar o acordo.

O presidente está atrás nas pesquisas e vem perdendo terreno para o democrata Joe Biden - especialmente após a desastrosa participação no primeiro debate, na semana passada. Ontem, faltando 26 dias para a eleição, pesquisas mostraram que o rival ampliou sua vantagem nos últimos dias. A sondagem CNN-SSRS colocou Biden 16 pontos à frente. O instituto Ipsos indica que o democrata lidera com 12 pontos de vantagem.

Mas a eleição americana não é decidida pelo voto popular, e sim por um colégio eleitoral composto por 538 eleitores divididos de acordo com a população de cada Estado. Segundo pesquisas, Trump vai mal em quase todos, mas basta vencer Biden em alguns Estados-chave para ser reeleito. Por isso, o pacote de estímulo é considerado importante para os eleitores dos Estados mais afetados pela pandemia, como Wisconsin. Michigan, Ohio e Pensilvânia.

"Mandei meus representantes pararem de negociar até depois da eleição. Depois que eu ganhar, aprovaremos um grande projeto de estímulo que se concentra nos trabalhadores e nas pequenas empresas", escreveu Trump, no Twitter.

A decisão azedou a relação do republicano com o empresariado e provocou turbulências nos mercados financeiros. Ontem, ele foi criticado pelo presidente da Associação Americana de Hotéis, Chip Rogers, que qualificou a mensagem como "inaceitável e inconcebível". "Nossos líderes em Washington estão priorizando a política em vez do povo", disse.

Sean Kennedy, executivo da Associação Nacional dos Restaurantes, também criticou o presidente. "Cada semana sem fazer nada significa que centenas de restaurantes fecharão as portas no país todo", afirmou. "Os EUA precisam de liderança de verdade, e não de argumentos político-partidários ligados à eleição", disse Tori Emerson Barnes, vice-presidente da U.S. Travel Association.

A decisão também foi criticada por aliados. A senadora Susan Collins, republicana que também disputa a reeleição, disse que é "um grande erro" esperar mais para aprovar um pacote de ajuda. Até o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, geralmente discreto, alertou para as consequências trágicas da falta de apoio a famílias e empresas afetadas pela pandemia.

Com a campanha de Trump saltando de crise em crise nas duas últimas semanas, as críticas ao presidente deixaram estrategistas republicanos atordoados. Eles mal se refizeram do debate desastroso, dia 29, tiveram de lidar com o diagnóstico positivo do presidente, dois dias depois. Após três noites internado com covid, o presidente voltou para casa, na segunda-feira, em um espetáculo midiático bastante questionável - ele reapareceu sem máscara na sacada da Casa Branca e gravou um vídeo minimizando a gravidade da pandemia.

Para tentar apagar o incêndio, o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, tentou ontem ressuscitar o acordo com a presidente da Câmara, a democrata Nancy Pelosi. O objetivo agora é resgatar pelo menos a indústria aérea para evitar prejuízos como os da semana passada, quando a American Airlines e a United anunciaram a dispensa de 30 mil funcionários.

Ontem, sete horas após ter interrompido as negociações, Trump deu sinais de ter mudado de ideia. Pelo Twitter, ele pediu ao Senado e à Câmara que aprovassem US$ 25 bilhões de ajuda para o setor aéreo e um pagamento de US$ 1,2 mil para milhões de pequenos negócios. "Estou pronto para assinar. Você está ouvindo, Nancy", escreveu o presidente no Twitter, em referência a Pelosi.

Ao mesmo tempo em que o presidente parecia abrir a guarda, seu chefe de gabinete, Mark Meadows, era taxativo em entrevista a jornalistas. "A negociação está encerrada", afirmou, refletindo a falta de direção de um governo comandado pelo Twitter por um presidente encastelado em uma Casa Branca esvaziada de funcionários.

Ontem, após confirmar que reabriu negociações com Mnuchin, Pelosi aproveitou para criticar o presidente. "A Casa Branca está em total desordem", disse a democrata. "É difícil imaginar o que ele (Trump) está fazendo. Ele viu a repercussão negativa e está tentado corrigir o erro terrível que cometeu. Mas a reputação dos republicanos está indo pelo ralo com ele."

O Facebook anunciou que planeja suspender os anúncios políticos após as eleições de 3 de novembro para "reduzir a confusão, a desinformação e os abusos de seus serviços nos dias posteriores à votação". A rede social também removerá posts com linguagem intimidatória ou que incitem as pessoas a verem as apurações. (Com agências internacionais)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.




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