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Plano da ONU para o Kosovo rejeitado por Belgrado, mas aprovado por Pristina
Da AFP
02/02/2007 | 17:17
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O mediador da ONU, Martti Ahtisaari, apresentou nesta sexta-feira um plano que lança as bases para uma futura soberania em Kosovo, mas não chega a propor a independência reivindicada pelos kosovares albaneses. Apesar de tímido, o plano foi rejeitado por Belgrado.

Os líderes sérvios e os kosovares albaneses interpretaram da mesma forma as propostas que Ahtisaari apresentou sucessivamente a Belgrado e a Pristina, estimando que elas conduziriam à independência do Kosovo.

"O plano Ahtisaari abre a possibilidade de um Kosovo independente (...) a Sérvia e eu mesmo, na qualidade de presidente, nunca aceitaremos a independência do Kosovo", disse o presidente sérvio Boris Tadic, considerado um reformador pró-europeu.

O primeiro-ministro sérvio em final de mandato, Vojislav Kostunica, qualificou de "ilegítimo" o plano de Ahtisaari, que ele acusou de ter "claramente exorbitado de seu mandato".

Por sua vez, o presidente kosovar Fatmir Sejdiu declarou que a proposta do mediador da ONU "desembocará num Estado independente do Kosovo", sublinhando que os líderes kosovars o aceitariam e apresentariam "muito rapidamente" comentários e sugestões.

Ahtisaari, no entanto, tomou cuidado para não utilizar a palavra "independência", para não irritar Belgrado e possibilitar novas negociações entre responsáveis sérvios e kosovares albaneses.

"Temos a intenção de convidar as partes para novas consultas (...) um compromisso é importante e só depois disso é que finalizarei minha proposta para o Conselho de Segurança" da ONU, disse ele em Belgrado.

Mas Antisaari declarou-se pessimista em relação à possibilidade de um compromisso. "Não sou terrivelmente otimista. A posição das duas partes está clara", declarou durante uma entrevista coletiva em Pristina.

Suas propostas baseiam-se em elementos chaves que só podem ser colocados em prática se houver um compromisso entre Belgrado e Pristina.

O mediador da ONU propõe que o Kosovo tenha os símbolos de um Estado, com uma Constituição, um hino e uma bandeira. No entanto, Kosovo teria de conceder uma autonomia considerável aos cerca de 100.000 sérvios que ficaram no Kosovo depois do conflito de 1998-1999.

O Kosovo "será uma sociedade multiétnica que governará a si mesma de forma democrática", garantindo os direitos da minoria sérvia, segundo o plano de Ahtisaari.

O mediador da ONU recusou-se a falar no momento do estatuto final do Kosovo. "Serei bem claro quando apresentar a proposta ao Conselho de Segurança. Haverá uma definição clara do estatuto", disse ele, acrescentado: "Devo me reservar para o momento".

As novas consultas propostas por Ahtisaari devem ocorrer de 12 a 23 de fevereiro em Viena, precisou o representante da União Européia para o Kosovo, Leopold Maurer.

O presidente Tadic indicou que "as soluções propostas" por Ahtisaari seriam "atentamente examinadas".

"A execução do projeto de Ahtisaari será difícil", prognosticou um diplomata ocidental.

Os Estados Unidos estimaram que essas proposições eram "justas e equilibradas".

O Kosovo é administrado pela ONU desde 1999, depois que a Otan bombardeou a região para interromper as operações de repressão das forças do regime de Slobodan Milosevic contra a guerrilha independentista albanesa.

Segundo as propostas de Ahtisaari, o Kosovo permanecerá, durante um período indeterminado, sob a tutela de uma missão da União Européia (UE), que ficará encarregada de ajudar as autoridades locais a estabeleceram o Estado de direito.




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