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Superlotado, Piraporinha tem pacientes no corredor

Complexo municipal de Diadema mantém há anos infraestrutura e atendimento precários

Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
23/02/2018 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


 Não bastasse o sofrimento da dor física por problemas de saúde, pacientes do Hospital Municipal de Diadema, conhecido como Piraporinha, na Vila Nogueira, sofrem também com a falta de estrutura e precariedade do atendimento. A superlotação – destacada pelo acúmulo de enfermos pelos corredores – e as falhas físicas, como paredes descascadas e equipamentos velhos e quebrados, se arrastam há anos. O cenário caótico já foi noticiado pelo Diário por pelo menos três vezes (2011, 2012 e março de 2017).

O motorista de aplicativo de transporte Rafael Ferreira Santos, 31 anos, sofreu acidente de moto na segunda-feira e até ontem aguardava remoção para o Quarteirão da Saúde, onde seria submetido a tomografia para diagnóstico mais preciso das lesões sofridas. No entanto, familiares foram informados de que a falta de ambulância impedia a transferência. “Estou com muita dor no peito”, relatou ele, com dificuldades para falar.

Santos dormiu por dois dias em maca no corredor do hospital até ser levado para sala de observação. O cenário, entretanto, não melhorou, já que os leitos da ala ficam quase ‘amontoados’, contrariando normas do Ministério da Saúde. De acordo com a orientação federal, as macas devem ser acomodadas com espaço de no mínimo dois metros entre elas.

A demanda maior do que a capacidade impacta até mesmo os cuidados básicos. Santos só conseguiu tomar banho na terça-feira, após fazer pedido à equipe do hospital. “São poucos funcionários para muitos pacientes”, fala a noiva do rapaz, Silvana Figueiredo, 31.

Na tarde de ontem, a equipe do Diário solicitou à Prefeitura posicionamento sobre a situação, sem sucesso. Horas depois do contato da reportagem com a administração, a tomografia de Santos foi, enfim, realizada. “Se tivesse trauma interno ele já teria morrido”, ressaltou Silvana.

No corredor, entre as pelo menos dez macas ocupadas, outro paciente aguardava por tomografia desde quarta-feira. “Cheguei aqui às 18h, com dor insuportável no peito, precisando ser levado para fazer tomografia, mas disseram que o hospital só tem duas ambulâncias”, revelou o homem de 51 anos, que preferiu não se identificar.

Como se as dores não fossem problema o bastante, a falta de assistência médica trazia ainda mais desconforto ao paciente. “Fui atendido pelo médico quando cheguei, às 7h de hoje (ontem). Me deram remédio e depois ninguém falou mais comigo”, comentou. “Se me levassem para fazer a tomografia poderiam até me deixar no corredor, como já estou, mas ao menos eu saberia qual problema tenho”, desabafou.

 

Nova unidade foi promessa de campanha

Em 2016, no fim do primeiro mandato, o prefeito de Diadema, Lauro Michels (PV), anunciou, em entrevista ao Diário, a construção de novo equipamento de Saúde para dar lugar ao complexo municipal Piraporinha, como principal meta de seu plano de governo.

Naquela época, o chefe do Executivo, que foi reeleito, afirmou ter desenvolvido projeto para o prédio, com oito andares e valor estimado em R$ 58 milhões para funcionar em terreno atrás do Hospital Municipal. O plano era tentar dividir as despesas por igual entre a Prefeitura, o governo do Estado e a União. “Será rateio de 33% cada para custeio e obra deste investimento”, projetou.

No entanto, com a crise econômica que se instalou no País, o projeto ficou no papel. O aporte financeiro não veio de nenhuma das instâncias e o local continua a acumular problemas com o passar do tempo.

A estrutura do prédio, com paredes descascadas e portas carcomidas – para pontuar algumas das falhas – aliada à superlotação, precariza cada vez mais o atendimento.

Além da Prefeitura, o Diário tentou contato com representantes do Conselho Municipal de Saúde, para comentar a situação, mas ninguém se manifestou.

 




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