O prefeito de São Bernardo, William Dib (PSB), vive um dilema: apoiar ou não os candidatos a deputado federal do seu partido nas eleições de 2006. O apoio do chefe do Executivo de São Bernardo é disputado por pretendentes a candidato de várias siglas, mas o PSB já decidiu lançar candidaturas aos Legislativos federal e estadual na maioria das cidades do Grande ABC no ano que vem. E cobrará apoio dos filiados.

"Não teremos coligações para deputado estadual ou federal", garante o secretário de Finanças do PSB estadual, Cláudio Valverde. O porém é que tudo indica que o prefeito de São Bernardo, que é vice-presidente do PSB no Estado, apoiará em 2006 dois candidatos de outra legenda. Os deputados estadual Orlando Morando e federal Edinho Montemor, que já foram do PSB, mas mudaram para o PL. Os dois parlamentares tentarão a reeleição, e o apoio de Dib às candidaturas é visto como fato consumado.

Sem Morando e Montemor, o PSB perdeu seus principais candidatos, entendem socialistas da região. Até mesmo o candidato a deputado federal Raimundo Salles, secretário de Comunicação da prefeitura de São Bernardo e considerado influente no Grande ABC, não esquentou o banco. A passagem-relâmpago dele pelo PSB durou cerca de um mês. Salles acaba de assumir a presidência estadual do PHS e tornou-se vice-presidente nacional da legenda.

"O PSB está enfraquecido no ABC", avalia o secretário de Formação Política do partido, Pedro Marcelo. Com isso, entendem socialistas, a cobrança pelo apoio de Dib a candidatos do PSB deve aumentar. "Seria natural que ele dissesse que trabalhará para trazer o Morando e o Edinho de volta ao PSB", cobra Marcelo.

Em São Bernardo, um dos possíveis candidatos a deputado federal pelo PSB é o vereador Névio Carlone. Se sair, disputará diretamente com Montemor uma vaga na Câmara dos Deputados.

Mudança - Até a possibilidade de mudança do prefeito para outra legenda é cogitada. Na avaliação de um integrante da Executiva estadual do PSB, há sinais de que Dib poderia deixar o partido rumo ao PL. A filiação de Morando e Montemor seria a preparação do terreno. O secretário de Formação Política do partido, Pedro Marcelo, diz que prefere não trabalhar com essa hipótese.

O presidente nacional do PL, deputado federal Valdemar Costa Neto, confirma que o partido tenta trazer Dib para suas fileiras. "Sempre houve esse trabalho. Estamos aguardando manifestação dele", declara.

O presidente da legenda garante que, caso queira, Dib "será sempre lembrado" para disputar o governo do Estado pela legenda. Valdemar destaca ainda que o PL estadual passará ao comando de Marcos Cintra, secretário de Finanças de São Bernardo, que está voltando para o partido.

"Tenho convicção de que Dib não quer estar em um partido que não existirá mais", alfineta Pedro Marcelo, referindo-se à lei que instituiu a cláusula de barreira, 1995. Pela legislação, é determinado aos partidos que obtenham pelo menos 5% do total de votos na Câmara dos Deputados para que possam continuar a ter representação nos Legislativos (Câmaras, Assembléia) e direito a propaganda eleitoral na televisão. A determinação é um dos motivos pelos quais o PSB focará o poder de fogo em 2006 nas candidaturas a deputado federal.

Não sem razão Dib é disputado. Eleito prefeito de São Bernardo com 76,37% dos votos na última eleição, é considerado uma liderança política do Grande ABC. É visto ainda como interlocutor do governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB). No PSB, também é apontado como um dos nomes do partido ao governo do Estado, embora poucos socialistas acreditem que abandonaria o Paço de São Bernardo.