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No inverno, cuidado com o piolho
Por Renata Gonçalez
Do Diário do Grande ABC
15/05/2004 | 17:52
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Temporada de gripes, resfriados e outras doenças respiratórias, o inverno é também a época de maior incidência da pediculose capilar, nome para a infestação de piolhos no couro cabeludo. Segundo dados da ABP (Associação Brasileira de Pediculose), o problema atinge principalmente crianças entre 4 e 12 anos, embora também afete adultos. A entidade não tem uma estatística que indique, com precisão, o total de brasileiros que são atingidos anualmente pela pediculose. Informou apenas que, só no ano passado, foram vendidos mais de oito milhões de piolhicidas em todo o país – produtos farmacêuticos que combatem os piolhos.

Segundo Flávia Gallinucci Garcia Morkoski, médica pediatra do Hospital e Maternidade Beneficência Portuguesa de Santo André, o piolho é um parasita humano que, por natureza, prefere locais quentes. Por isso, adapta-se facilmente ao calor junto à raiz dos cabelos e dos pêlos pubianos. Ali os piolhos sugam o sangue e põem seus ovos (as lêndeas), que se fixam com facilidade entre os fios de cabelo, em especial os longos.

“Com o frio, as pessoas se aglomeram mais, o que ajuda o piolho a passar de uma cabeça para outra”, afirmou a pediatra. “No caso das crianças, a incidência é sempre maior porque elas passam mais tempo agrupadas nas escolas. Entre as menores, o contato físico é ainda maior.”

Democrática, a pediculose não distingue raça, sexo, faixa etária ou classe social. Apesar disso, há a crença de que sua ocorrência é restrita a populações carentes. “A infestação de piolhos ainda é muito freqüente em classes sociais mais baixas, mas isso não é uma regra. No caso das escolas, afeta tanto as públicas quanto as particulares, e pode ou não estar associada à falta de higiene”, disse Flávia.

Quando a pediculose é diagnosticada em estágio avançado, a criança pode vir a ter anemia e desnutrição. “Existem casos de contaminação grave provocada pela mordida do piolho, resultando em feridas e infecções. Por isso é que o ideal é tratar desde o começo. O primeiro sinal é a criança coçar a cabeça em demasia”, completou a médica.

Cuidados – De acordo com a ABP, é quase impossível estar imune a infestações de piolhos por conta do convívio social entre as pessoas. Mas uma série de cuidados podem ser adotados, não só no inverno, mas durante o ano todo, para reduzir sua incidência. Um deles é não compartilhar pentes, escovas e fronhas, verdadeiros “meios de transporte” para os piolhos.

Segundo Flávia, os cabelos devem ser lavados pelo menos três vezes por semana e penteados diariamente. “Meninas com cabelos compridos têm de ir à escola com os cabelos presos, de preferência com trança, que dificulta o acesso para os piolhos.”

Em casos de infestação, o principal aliado é o pente-fino de metal, apontado pela ABP como um recurso simples e eficaz para eliminar não só os piolhos, como também as lêndeas. Roupas de banho e de cama usadas por quem está com pediculose devem ser lavadas com água quente e passadas a ferro. Deve-se ainda estender os mesmos cuidados a toda a família.

 “Xampus e medicamentos específicos, de uso tópico e oral, têm de ser usados com cautela, pois alguns causam alergia. Eles só podem ser usados quando recomendados por um médico”, disse Flávia. “E os pais não devem recorrer nunca a inseticidas. São comuns casos de intoxicações por causa disso.”




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