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Operários do Consórcio vivem 10 horas de agonia diária na Linha Amarela
Do Diário do Grande ABC
20/01/2007 | 21:08
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“Eu me livrei”, afirma o funcionário do Consórcio do Metrô José Ailton Pereira Santos, 28 anos. Ele saiu da obra da estação Pinheiros uma hora antes de tudo desabar, no dia 12, e acredita que se estivesse lá não teria a mesma sorte. “Trabalho como escavador e estaria dentro do buraco, sem tempo para sair”, diz, com medo de retornar às obras, quando terminar a paralisação.

O receio de José Ailton é o mesmo dos outros colegas, que trabalham cerca de 10 horas por dia nas obras da Linha Amarela. Desde o acidente, têm limpado a lama e organizado o local, mas receiam o momento de voltar à escavação e às implosões. “Nossa segurança é prioridade, mas não podemos ficar sem emprego”, diz Edson Augusto, 20 anos. Ele estava na área na hora do desabamento e teve de correr e pular um muro para se abrigar, perto da estação de trem. Ambos trabalham na construção da Linha Amarela há mais de um ano, mas cogitam sair se arrumarem outro emprego, mais seguro.

José Fernando, que atua como porteiro da obra da estação Faria Lima, também paralisada após o desastre, confessa ir para o serviço inseguro. “Eu fico do lado de fora da obra e ainda assim tenho medo. Meus colegas lá de dentro estão muito assustados”, declara. “Não há dinheiro que pague a vida da gente e não é possível prever um acidente desses.”

A situação, entretanto, não é assim para todos os funcionários. O porteiro Valdecir dos Anjos trabalhava em um condomínio residencial até a semana passada. Na última quarta-feira foi admitido pelo consórcio na obra do metrô. “Tudo já tinha acontecido quando eu vim para cá, então peguei uma fase mais tranqüila. Minha esposa ficou preocupada. Todos os dias ela diz para eu tomar cuidado. Minha filha também está apreensiva”, conta.

Ele afirma que tem trabalhado sem medo, pois considera muito difícil que haja novo deslizamento. “É mais calmo ser porteiro aqui que em condomínios residenciais, onde aparecem muitos problemas”, diz.

METRÔ
Rose Conceição dos Santos, auxiliar de cozinha de um restaurante na rua atrás do acidente, seria beneficiada com a finalização da estação Pinheiros. Ela poderia ir ao trabalho de metrô e chegar mais rápido que hoje, quando utiliza dois ônibus para ir até o Jardim Jaraguá, onde mora.

Rose acredita, porém, que não terá coragem de utilizar o meio de transporte. “Vai que acontece alguma coisa com a gente lá dentro? Prefiro vir de ônibus e pegar congestionamento”, diz a auxiliar de cozinha.

A aposentada Laianete Braga não teme: “Eu dependo do transporte público e vou continuar usando. Antes que tenha acontecido agora do que quando os trens estiverem cheios de gente. O pior já passou”, declara Laianete.



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