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Soldados brasileiros intensificam ações humanitárias no Haiti
Por Da AFP
23/02/2007 | 11:26
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Os soldados brasileiros que integram a missão da ONU (Organização das Nações Unida) no Haiti se instalaram nesta semana em uma área da maior favela de Porto Príncipe, Cité Soleil. Os militares distribuíram entre as crianças rações de arroz que apreenderam do líder de um grupo criminoso que conseguiu escapar.

Apesar da operação realizada por 700 militares não ter encontrado uma forte resistência, o comboio de veículos das Nações Unidas na zona, chamada Bélécourt, provocou várias reações, da raiva até o alívio.

Entre as estreitas ruelas e o lixo da favela, onde a ONU multiplicou há vários dias suas operações, os automóveis blindados abriram caminho com muita dificuldade. Na passagem dos soldados, os moradores visivelmente descontentes os insultaram e exigiram sua retirada.

"Queremos a volta de Amaral", gritou uma mulher, em referência ao líder de uma facção criminosa de Cité Soleil procurado pela polícia. "Ele não faz mal nenhum aqui", berrou outra.

Em poucos minutos, o número de simpatizantes de Amaral Duclonas aumenta e uma manifestação improvisada tem início sob os olhares dos soldados da Minustah (missão da ONU), para exigir o retorno de um homem procurado pelo seqüestro e morte em 2005 de um cônsul honorário francês.

O escritório de Amaral Duclonas, que abriga o "Movimento Nacional Para Salvar o Haiti", é ocupado pelos capacetes azuis da ONU, que se protegem atrás de sacos de areia.

O coronel Alfonso Pedrosa, porta-voz do batalhão brasileiro da Minustah, conduziu os jornalistas à residência do fugitivo, uma pequena jóia que contrasta com os barracos vistos na grande favela às margens do mar.

Os vizinhos do criminoso fugitivo permanecem fiéis a ele. "Vivemos há 20 anos com ele neste bairro e ele sempre nos protegia, pagava a escola de nossos filhos e alimentava os idosos com seus próprios recursos ou com a ajuda que recebia das ONGs", explica uma mãe de seis crianças.

Longe de sentir-se livres do jugo de um criminoso que estabelecera uma lei própria, os vizinhos acusam os "brancos" de serem ladrões. "Eles sempre tomam nossas casas, nosso dinheiro e nossos bens", afirma um homem que critica as prisões realizadas pelos soldados.

"Não encontramos nada ilegal na casa, nem armas de fogo, nada", reconhece o oficial brasileiro, que considera escandaloso que alguém possa viver com tanto luxo em meio a miséria.

"Estamos aqui para garantir a segurança, além de oferecer uma ajuda social", ressalta. Nas proximidades, o arroz e a água encontrados em um depósito que aparentemente pertencia a Amaral são distribuídas pelos soldados.

"Bem-vindos, bem-vindos", grita uma mulher quando os militares passam diante de sua casa. "Estou feliz, porque agora existe paz aqui. Antes eram muitos tiros sem que soubéssemos o motivo", lembra.

Embora os adultos se mostrem divididos sobre a ação da ONU no bairro, as crianças, despreocupadas, se reúnem na entrada do acampamento dos soldados brasileiros, seja para receber um prato quente ou para conseguir uma consulta dentária gratuita.

O bairro Bélécourt, que antes estava nas mãos dos criminosos, agora está sob o controle dos soldados da ONU, que estabeleceram postos de controle.




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