Chegar à final de Copa do Mundo depende de série de fatores. Nem sempre vence o melhor. Ou o campeão pode começar a competição sem nenhum favoritismo.

Em 2010 já se sabia que os finalistas da Copa anterior teriam vida muito curta desta vez. Mas não se imaginava que França e Itália fariam um fiasco deste tamanho.

Algumas seleções européias chegaram com a bola toda. Especialmente Inglaterra, Alemanha e Espanha, apontadas como favoritas em todos os prognósticos.

Algumas vezes o time da casa também está na lista dos possíveis ganhadores. Porque teoricamente tem boa equipe e conta com o imprescindível apoio do torcedor.

Claro que a África do Sul nunca foi apontada a absolutamente nada, a não ser chegar, no máximo, às quartas de final. Isso se tudo corresse muitíssimo bem. Nem o quarto jogo os Bafana conseguiram realizar.

Em algumas ocasiões a equipe da casa chega até a finalíssima e depois perde a decisão. Dois exemplos memoráveis são Suécia e Brasil. Na Copa de 1958 o Brasil era a zebra e a Suécia, jogando em casa, a grande favorita.

Em 1950 aconteceu o inverso. A Seleção Brasileira é que chegou à final do Maracanã com todas as chances de vitória. Esqueceram apenas de combinar com o Uruguai.

Desta vez, a Espanha não é novidade, diferentemente da Holanda, que todos sabiam, tem um time regular, mas sem pegada de ser campeão.

Talvez seja por isso que dez entre dez torcedores afirmem que a Espanha já levou. Mas ninguém pode esquecer que o jogo acaba quando termina.

BASTIDORES

A presença de Nelson Mandela no Soccer City amanhã vai depender dos médicos. A avaliação será apenas horas antes do jogo. O grande líder sul-africano vai comemorar neste mês 92 anos e está com a saúde muito debilitada. E como tudo que envolve sua figura no momento, o mistério é imenso.

- Lula toma café da manhã hoje com Joseph Blatter. Depois pretende ir embora para o Brasil. Vai ver a final pela televisão no Alvorada. Segundo o que contou nesta semana aqui em Joanesburgo, com a desclassificação da Seleção Brasileira, ele perdeu a motivação. Ele e toda população do País.

- A Europa leva muito a sério o reconhecimento e a tradição. Marcos Senna, naturalizado espanhol e até há pouco tempo jogador da Fúria, chegou ontem a Joanesburgo, a convite da Federação Espanhola para ver a final. Esse gesto enaltece e reforça as boas relações humanas.

TOQUE FINAL

A repercussão da possibilidade de São Paulo ficar fora do próximo Mundial é o assunto da hora aqui na África.

Todos perguntam como a maior cidade da América Latina ficaria à parte de um evento dessa magnitude.

A boa notícia, comentada aqui nesta semana, foi a declaração de Gilberto Kassab, garantindo que não será usado dinheiro público na construção de estádio na Capital.

O conformismo do prefeito com a possibilidade de São Paulo não realizar o jogo inaugural da Copa mudou e para melhor. Seu discurso de ontem já mostrava outro quadro.

Kassab percebeu que sua declaração não foi bem digerida. E inteligente como é, mudou o discurso afirmando que na semana que vem haverá reunião entre o governador Goldman e Ricardo Teixeira.

Aqui na África, entre paulistas já se fala de tudo: boicote à Copa e aos seus patrocinadores, grande campanha de rejeição pelo evento e outras medidas que tirariam o brilhantismo natural de um Mundial de futebol.

Dissemos ontem e repetimos hoje: isso vai dar muito pano pra manga. E devem encontrar solução conciliadora e satisfatória.

Márcio Bernardes é âncora da rede Transamérica de Rádio e professor universitário. www.marciobernardes.com.br