Os portugueses descobriram o Brasil há exatos 507 anos. As 13 caravelas que trouxeram Pedro Álvares Cabral e seus navegantes chegaram acidentalmente a uma terra que acreditavam ser apenas uma ilha quente e cheia de homens nus.

Agnes, do México, Kayra, da Turquia, e Agne, da Lituânia, descobriram o Brasil há apenas oito meses. Vieram de avião e desembarcaram em uma terra ainda quente e com muitos homens, já não nus, que abriga 851.674 estrangeiros.

Os três adolescentes de 19 anos também chegaram ao Brasil quase por acidente. Escolheram o País numa lista de lugares para intercâmbio dada pelo Rotary Club. Mas diferente dos primeiros estrangeiros que descobriram o Brasil em 1500, os jovens chegaram com idéias do que seria o maior País da América Latina: samba, futebol e florestas.

Agnes Oliver imaginava um Brasil com pessoas dançando marchinhas de Carnaval nas ruas, homens negros e muitas árvores.

“Acho que minha maior descoberta foi a Bahia, que é a região que realmente parece com o Brasil. São Paulo é muito semelhante ao México”, contou a mexicana, que se diz apaixonada por homens negros.

Kayra Ermultlu é um turco com jeito de brasileiro. “Eu tenho aquele costume de deixar as coisas sempre para depois. Aqui todo mundo é assim.”

A primeira vez que avistou as terras brasileiras, confessa que se perguntou o que fazia naquele lugar pobre e de língua diferente. “O primeiro local que vi foi uma favela, bem diferente da primeira visão dos portugueses.”

Kayra se encantou com as praias nordestinas e não entendeu o que é “ficar” com alguém. “Lá na Turquia, somos mais devagar nas relações amorosas. Aqui é tudo muito livre.”

Liberdade que a lituana Agne Barbrausceite aprovou aqui no Brasil. “Adorei as baladas e os meninos. Aqui, todo mundo gosta de falar muito, igual a mim.” Ela considera sua maior descoberta as pessoas. Com o idioma ainda arrastado, arrisca dizer que aqui todos são “fofinhos”.

Imigração - Segundo a Polícia Federal, os portugueses ainda são os estrangeiros em maior número que residem no País. Mas, diferente do começo da colonização, os europeus não representam mais o maior fluxo de entrada de estrangeiros. Desde o final da década de 1980, os latinos são os que mais vêm tentar a vida por aqui.

“O que trazia os europeus eram as más condições do país deles, as guerras e as perseguições. Hoje, o continente está estabilizado e quem procura o Brasil para ficar são os países vizinhos”, explicou a professora de Direito Internacional da PUC-SP, Cláudia Villagras.