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Novo premiê palestino forma governo após tomada de Gaza
Da AFP
16/06/2007 | 14:13
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O novo primeiro-ministro Salam Fayad, apoiado pelo Ocidente, deverá formar um governo de emergência neste sábado, o que selaria a ruptura entre os palestinos após a tomada do controle da Faixa de Gaza pelos islamitas do Hamas e a destituição do Executivo de unidade.

Apoiado pelos países ocidentais e também pelos árabes, o presidente palestino, Mahmud Abbas, nomeou nesta sexta-feira Fayad para ficar à frente de um governo que, no entanto, se limitará à Cisjordânia.

Na Faixa de Gaza, milicianos mascarados do Hamas patrulhavam as ruas de seus povoados e cidades, localizados entre Israel e o Egito e isolados do restante do mundo após a tomada de controle de todo este território pelo grupo islâmico.

Os homens do Fatah, movimento moderado de Abbas, iniciaram neste sábado a sua vingança na Cisjordânia, saqueando dezenas de edifícios do Hamas, incluindo associações de caridade, escolas islâmicas, a sede da rádio e a TV local na cidade de Nablus.

Um dos líderes do grupo armado Brigadas dos Mártires de al-Aqsa, ligado ao Fatah, pediu aos ativistas do Hamas na Cisjordânia que entreguem suas armas à Autoridade Palestina, pois após o ocorrido em Gaza "o Hamas se tornou uma organização proibida".

Com suas fronteiras com Egito e Israel completamente fechadas, existe o risco de uma crise humanitária em Gaza, um território empobrecido com uma das densidades demográficas mais altas do planeta, com 1,5 milhão de pessoas.

Os moradores da Faixa de Gaza tentavam voltar neste sábado a sua vida normal, abrindo suas lojas e circulando pelo território, depois de uma semana de sangrentos confrontos entre Hamas e Fatah que causaram a morte da pelo menos 116 pessoas e deixaram 550 feridos.

O Hamas libertou várias dezenas de autoridades do Fatah e das forças de segurança detidos anteriormente, enquanto mais de 200 fiéis a Abbas deixaram Gaza em direção ao Egito.

A tomada de controle de Gaza por parte do Hamas --movimento apoiado pelo Irã e pela Síria-- suscitou grande preocupação em Israel e em meio à comunidade internacional, colocando em grande risco as perspectivas de paz no Oriente Médio.

Na atual situação, os palestinos são duas entidades divididas geograficamente e também em nível político, o que torna ainda mais distante a possibilidade de um Estado palestino independente. "Destruímos a causa palestina e o sonho de um Estado palestino", se lamentou Abu Said, um vizinho de 45 anos do campo de refugiados de Shati, próximo à cidade de Gaza.

O líder do Hamas, Khaled Mechaal, declarou no exílio em Damasco que o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) não tentará tomar o poder nos territórios palestinos e cooperará com Abbas. "Ninguém questiona sua legitimidade. Ele é o presidente eleito. Vamos cooperar com ele pelo interesse nacional", disse.

Abbas dissolveu na quinta-feira o governo de união formado desde março por Fatah e Hamas e encarregou Fayad da formação de outro gabinete de emergência, denunciado na sexta-feira como ilegítimo pelo primeiro-ministro destituído, o islamita Ismail Haniyeh.

Em troca, a decisão do presidente palestino foi apoiada tanto pelos Estados Unidos como pelos outros integrantes do Quarteto internacional para o Oriente Médio (União Européia, Rússia e ONU), que também expressaram sua preocupação com a "situação humanitária" em Gaza.

Os países ocidentais boicotam os islamitas, e desde que estes venceram as eleições legislativas palestinas em janeiro de 2006, formando posteriormente um governo, Washington e Bruxelas mantêm suas ajudas econômicas congeladas.

Os chanceleres da Liga Árabe reunidos na sexta-feira no Cairo pediram a Hamas e Abbas que contenham a violência e condenaram "os atos criminosos" na Faixa de Gaza.

Estados Unidos e Israel --cujo primeiro-ministro, Ehud Olmert, viaja no domingo a Washington para analisar com o presidente George W. Bush a atual crise em Gaza-- já declararam sua disposição em ajudar economicamente o novo governo de emergência palestino.




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