"O médico mata e o outro enterra." Foi assim que ironizou o aposentado Edson Expedito Ferreira, 45 anos, o caso da 'Máfia do Óbito' em São Caetano. A população pede a punição dos envolvidos, mas teme que tudo acabe sem nenhuma solução. Morador há 30 anos da cidade, Nemésio Gonzalez, 69, ressalta a gravidade do caso. "E se fazem um atestado de óbito seu, sem seu consentimento? Podem fazer o que quiserem com o documento." Mesmo assim, Gonzalez prefere esperar a decisão da Justiça e a defesa do médico sobre o caso. "Se ele mentiu para ajudar, que se justifique. Todos temos direito de defesa."

Para o representante comercial Gilmar Pacheco, 44, o escândalo é reflexo da situação política do país. "Corrupção há tanto no alto escalão quanto no povão", ironiza.

O aposentado Luiz Monteiro, 71, mora desde que nasceu em São Caetano e afirma saber muito da política da cidade. Ele fala sobre os dois principais envolvidos: "Conheço eles (Eduardo Agostini e Maurílio Teixeira) há muito tempo e sempre foram sem-vergonha. Devem ser punidos". Monteiro não acredita que a pena seja severa por parte da Justiça e também da Prefeitura.

A dona-de-casa Aparecida Abrahão, 46, acredita que o prefeito José Auricchio Júnior (PTB) fará o que for preciso para solucionar o caso. "Isso não vai passar batido de jeito nenhum, o prefeito tomará as devidas providências."

Alguns munícipes não acreditam em punição. É o caso do serralheiro Jurandir Venanzoni, 22. Para ele, todas denúncias em São Caetano não rendem justiça. "Aqui o pessoal encobre muito, abafa o caso. Como em tudo no Brasil vai acabar em pizza", comenta.

A dona-de-casa Conchita Gallo Afonso, 66, era paciente de Agostini. Segundo ela, o médico é um ótimo profissional e acredita que não tenha vendido um atestado falso de óbito por mal. "Fiquei pasma ao saber isso do doutor. Mas, pelo que conheço dele, acho que isso é falso." A mesma opinião tem o autônomo Luiz Gonzaga, 51. "Ele fez isso para ajudar."