As cirurgias plásticas são capazes de mudar detalhes que podem incomodar as pessoas sobre seus próprios corpos. É uma questão estética para que o indivíduo se sinta melhor com o reflexo do espelho e que demanda atenção, informações, acompanhamento profissional, coragem e alguns gastos.

Segundo estatísticas da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, tem aumentado a procura do procedimento por parte dos adolescentes do País, com cerca de 90 mil cirurgias em pacientes dessa faixa etária tendo ocorrido em 2017 – os Estados Unidos, por exemplo, registraram por volta de 66 mil cirurgias em jovens no mesmo período. Entre as opções de procura do público estão a otoplastia (para correção da popular ‘orelha de abano’ e que custa, em média, de R$ 8.000 a R$ 14 mil), a rinoplastia (alteração no nariz, com valores médios entre R$ 9.000 e R$ 15 mil) e a mamoplastia (aumento da mama com prótese de silicone, com valores de R$ 11 mil a R$ 20 mil).

“Podemos dizer que a cada dez pacientes, cerca de 15% são adolescentes, entre 18 e 20 anos. O público é bem mesclado”, comenta o médico cirurgião plástico, com clínica em Santo André, José Antônio Casari Davantel. Segundo ele, no caso dos homens, 80% das procuras são para correção do crescimento das mamas e 10%, para corrigir o nariz. Entre as mulheres, 70% o procuram para implantar silicone (sendo indicado após os 18 anos) e 25% buscam rinoplastia. Parte do sucesso do resultado é o tempo pré-operatório de qualidade. “Todo procedimento cirúrgico exige precisão e, portanto, não podemos ter dúvidas. São necessários boa anamnese (entrevista realizada pelo profissional de saúde ao seu paciente), exame físico perfeito, exames cardiológicos, de sangue e de imagem, dependendo de onde a cirurgia for realizada. Após isso, o paciente deve passar em consulta com anestesista para saber que tipo de sedação é a mais indicada, variando desde anestesia local com sedação até anestesia geral. Tudo isso precisa ser definido entre dois e três dias antes da cirurgia, conforme as regras do Conselho Federal de Medicina.” Procura por profissionais com referência é essência para não colocar a saúde em risco.

A estudante de Psicologia Giovanna Odoardi, 24 anos, de Santo André, há nove decidiu mudar parte de sua fisionomia facial. “Sou filha de italiano e, como alguns dizem, temos nariz grande. Sou a cópia do meu pai e o nariz veio junto”, brinca. Como era menor de idade na época, a presença dos pais para autorizar o precedimento foi inevitável. “Só senti dor quando saí da sala de operação. Depois que o enfermeiro veio e me deu remédio, não senti mais nada. Passei a noite no hospital e fiquei com tala no nariz por nove dias. Foi tão tranquilo que até na escola eu fui depois”, detalha. “Após seis meses ficou lindo. Minha autoestima mudou.” Entre gastos com médicos e permanência no hospital, a família da andreense gastou R$ 8.200.

O psicoterapeuta e docente da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) Daniel Françoli Yago explica que a indústria cosmética reforça estereótipo excludente para a maioria das pessoas. “Adequar-se ou não a esse estereótipo passa por processo de reflexão sobre o que isso significa para o sujeito. Mudar algo não significa que a pessoa não se aceita, necessariamente”, analisa. “Amar-se não significa mudar ou não mudar o que lhe incomoda, mas estar nas rédeas desse processo sem que ele seja tão pautado pelo que convém aos ditames da indústria da beleza.”

A retirada de um tumor na cabeça motivou o universitário Luca Accennatto Notte, 22 anos, de São Bernardo, a fazer plástica, uma vez que a cicatriz tinha ficado muito larga e com fístula. “Fiquei muito feliz, até porque eu não conseguia passar a mão na cabeça antes da plástica, me dava muita aflição. Sabia que não ia ficar 100% nivelado, mas logo após a cirurgia já fiquei satisfeito”, conta o rapaz, cujos gastos de R$ 13 mil não foram custeados por seu convênio médico. Com a experiência positiva obtida, planeja operar desvio de septo para respirar melhor e aproveitar para corrigir certa elevação no nariz que o incomoda.