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‘Estórias Gerais’ revisita Brasil sertanejo
Por Gislaine Gutierre
Do Diário do Grande ABC
10/09/2007 | 07:21
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Dois mestres dos quadrinhos relançam em versão ecologicamente correta – com papel reciclado – Estórias Gerais (Conrad, 160 págs., R$ 24). A excelente edição apresenta um Brasil com seus mitos e verdades, revelado por meio dos traços fortes e expressivos de Flavio Colin, e pelo humor refinado e inteligente do roteirista Wellington Srbek. Ambos profissionais premiados várias vezes pelo HQ Mix e pelo Ângelo Agostini.

A trama que desnuda esse Brasil sertanejo é uma homenagem a mestres como Guimarães Rosa, Dias Gomes, Ariano Suassuna, Sérgio Buarque de Hollanda e João Cabral de Melo Neto.

As histórias são ambientadas na década de 1920, na pequena Buritizal, à margem oeste do rio São Francisco, no norte de Minas Gerais. Para lá segue o jornalista da Capital, Ulisses de Araújo, com a missão de escrever sobre o terrível e temido Antonio Mortalma.

Coisa Ruim - A figura é de fazer tremer qualquer peão. No vilarejo, não faltam lendas para cogitar a origem de tanta maldade personificada. Uns dizem que ele tem pacto com o Coisa-ruim; outros, que é o próprio Demo.

Ele tem como rival o grupo de Manoel Grande, que tornou-se chefe justiceiro depois de ter a filha violentada e morta pelo próprio Mortalma.

Em Estórias Gerais, a língua e os costumes do povo aparecem vivas nos quadrinhos de Colin e nos diálogos de Srbek. Este também não perde a oportunidade de lançar uma luz crítica sobre temas com o coronelismo e o racismo.

Como o próprio Srbek admite, com um pouco de atenção, é possível notar influências de produções como Sítio do Picapau Amarelo, O Bem Amado, O Pagador de Promessas, Roque Santeiro, Gabriela, Cravo e Canela e O Tempo e O Vento. E, é claro, da obra Grande Sertão: Veredas!

Produzido em 1998, o álbum ganhou tradução e publicação espanhola em 2006, e agora chega às prateleiras com uma história nova, colorida, e com um depoimento inédito de Colin.




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