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MST volta a protestar em Recife
Por Do Diário do Grande ABC
22/04/2000 | 13:55
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Durante uma manifestaçao de protesto contra as comemoraçoes pelo aniversário do Descobrimento do Brasil, no início da manha deste sábado, militantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) depredaram o relógio dos 500 Anos (da TV Globo) instalado na avenida Agmenon Magalhaes, que leva ao Centro do Recife. Cerca de 150 militantes participaram da açao, que deveria contar com outros sem-terra vindos do interior do Estado, mas foram impedidos de ter acesso à capital.

Os responsáveis pelo movimento tinham planejado uma grande passeata pelo Centro do Recife na manha deste sábado, mas desistiram diante da informaçao de que haveria barreiras da Polícia Rodoviária nos principais pontos de acesso à cidade, impedindo a vinda de sem-terra de várias regioes do Estado. Um ônibus trazendo manifestantes para o ato de protesto diante do relógio dos 500 Anos foi barrado numa dessas barreiras, ainda na noite dessa sexta.

"Essa determinaçao de impedir a passagem de trabalhadores é uma demonstraçao de que se trata de um governo ditatorial, que nao sabe conviver com o diferente", diz o coordenador estadual do MTST, Marcos Cosmo. Segundo ele, cerca de 30 ônibus trazendo sem-terras que participaram das ocupaçoes do MST na jornada nacional da última segunda-feira deveriam chegar ao Recife neste sábado. A maior parte vinha das regioes da Zona da Mata e Agreste pernambucano, onde ocorre o maior número das cerca de 80 ocupaçoes acontecidas em Pernambuco.

Entre essas ocupaçoes estiveram os engenhos da usina Catende, que após falência vem sendo administrada por antigos trabalhadores num projeto de auto-gestao. A açao gerou discordância dentro do próprio MST e as famílias acabaram deixando as áreas, após serem abordadas pelos trabalhadores que administram a usina. A coordenaçao estadual do MST discorda do projeto de auto-gestao da Catende, que tem apoio da Fetap e da Contag. Aponta "diferenças de concepçao" com a proposta e, ao invés da viabilizaçao da usina, defendem a diversificaçao produtiva, com atividades como agroindústria, laticínios e piscicultura.

Na avaliaçao da Fetap, o projeto auto-gestao desenvolvido há cerca de cinco anos está tendo êxito. Os trabalhadores teriam saldado dívidas com fornecedores e obtido 180 mil sacas de açúcar como resultado da última moagem, além de desenvolverem um projeto pioneiro na regiao, ocupando 1,2 mil trabalhadores neste período de entressafra.

As áreas da Catende estao distribuídas nos municípios de Catende, Palmares, Joaquim Nabuco, Agua Preta, Jaqueira e Maraial.




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