Cultura & Lazer Titulo
Simples mulheres
Márcio Maio
Da TV Press
08/04/2007 | 07:00
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Simples, mas guerreira. Assim como Eliana, sua personagem em Luz do Sol, novela da Record, Patrícia França valoriza as pequenas coisas da vida e aproveita o tempo que tem entre as gravações para isso. Entre um gole de café e uma mordida no pão com manteiga, a atriz esquece o glamour da televisão e mostra que ainda conserva os mesmos hábitos da menina que, aos 19 anos, deixou o Recife para protagonizar a minissérie Tereza Batista, na Globo.

PERGUNTA: Como é sua personagem em Luz do Sol?

PATRÍCIA FRANÇA: Eu faço a Eliana, uma mulher de hábitos simples que foi mãe cedo e tem um marido pescador. Estou feliz porque é um papel que está envolvido em conflitos, numa trama muito legal. A grande realização dela está na maternidade, e esse é o ponto de partida da história. Ela é carinhosa, protetora, mesmo com a vida sofrida que leva. Acho que esse trabalho vai render bons frutos, porque o marido dela carrega um segredo e não se sabe até que ponto ela é cúmplice. A mulher, no fundo, sempre sabe de tudo. Conhece o cara com quem dorme, convive com aquele homem. Acho que a Eliana no fundo não quer admitir para si mesma aquela realidade, prefere preservar a harmonia familiar. Ela tem um casal de filhos, mas a menina morre. A filha foi substituída pela Adriana e a Eliana passa a chamar a criança de Rosa, nome da menina morta, e a depositar na substituta a falta que sente da filha morta.

PERGUNTA: Como você, que é mãe de uma menina de seis anos, avalia o comportamento da Eliana?

PATRÍCIA FRANÇA: Para uma mãe, deve ser uma perda irreparável ver uma filha morrer. Não consigo me colocar nessa situação, mas acho que uma mãe como ela nunca se recuperaria. É difícil avaliar o que ela sente, mas essa nova criança vem para suprir essa perda. Isso faz com que ela se apegue demais, de uma maneira até autodestrutiva. Nem a diferença física entre a criança e a família faz ela cair na real. A menina é muito diferente, loura e de olhos azuis. É como se esse detalhe não existisse e ela realmente tivesse substituído o amor. É meio louco, mas é coisa de mãe.

PERGUNTA: Com a passagem de tempo de 1991 para os dias atuais, os filhos de Eliana aparecem adultos. Não é estranho interpretar a mãe de duas pessoas tão crescidas?

PATRÍCIA FRANÇA: Acho isso muito legal. Eu estou com 35 anos e essa é uma das abordagens da Ana Maria Moretzsohn que eu acho mais válidas. Minha irmã tem 30 anos e uma filha de 14. A autora vai falar sobre isso no texto. A idéia é mesmo mostrar uma mulher despreparada, inexperiente, que age por puro instinto. Então a pequena diferença de idade é possível. Isso vai ser explicado aos poucos. Não posso negar que é engraçado, porque o Eduardo Pires, que interpreta Vicente, o filho mais velho, tem 26 anos. Mas na história ele tem 20.

PERGUNTA: Essa é sua terceira novela na Record. Qual é o seu balanço?

PATRÍCIA FRANÇA: Muito positivo, mas não esperava isso. Na verdade, vivo o momento. Na época em que fui chamada, era propício investir nisso. O ator brasileiro não pode escolher. Invejo aqueles que administram suas carreiras e chego até a desconfiar deles. Eu vou de acordo com as oportunidades. Avalio, vejo até que ponto posso ser feliz com aquilo e vou em frente.

PERGUNTA: O que fez você aceitar o convite para A Escrava Isaura, sua primeira novela na emissora?

PATRÍCIA FRANÇA: A possibilidade de fazer uma vilã como a Rosa. Vi a reprise da primeira versão. Mas, mesmo assim, ainda era muito criança. Lembrava-me de algumas cenas e da competência da Léa Garcia ao dar vida à personagem. A imagem dela fazendo aquela escrava me fez pensar que era um papel que daria pé. Foi muito bacana, me diverti. Foi um divisor de águas na minha carreira.

PERGUNTA: Por que você sente isso?

PATRÍCIA FRANÇA: Descobri o meu humor a partir daquele trabalho. Não que eu fosse uma pessoa triste, mas encontrei uma veia cômica em mim até então muito pouco explorada. Isso é muito bom para um ator. A comédia é sempre o melhor lugar, tanto na vida quanto na arte. Foi diferente de quando me chamaram para Prova de Amor. Minha primeira reação foi o receio.

PERGUNTA: Do que você tinha medo?

PATRÍCIA FRANÇA: Comecei enxergando a personagem com preconceitos. É que no Brasil a gente tem tantos exemplos ruins na polícia, isso me deixou tensa. Mas o Tiago Santiago falou comigo e disse que a idéia era mostrar uma policial do bem, e existem várias por aí. Mas me incomodou ter de segurar uma arma. Sempre tentava tratar a cena com muita ética, evitando violência. Mas esse receio acabou quando li a primeira cena, no primeiro capítulo. Tinha um tom de série americana, e isso começou a me entusiasmar. Além disso, não faço muitos personagens urbanos. No final, acabou sendo um trabalho enriquecedor sob vários aspectos. Sem dúvida, foi o personagem que mais me deu trabalho, mas por minha própria vontade. Cheguei a fazer três aulas de karatê para uma cena.



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