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Lula culpa Previdência pelo pequeno aumento do mínimo
Do Diário OnLine
Com Agências
03/05/2004 | 19:29
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira, no programa radiofônico 'Café com o Presidente', que o reajuste do salário mínimo foi de apenas R$ 20 (de R$ 240 para R$ 260) por causa do "rombo" nas contas da Previdência Social. Ele lamentou que o aumento não possa ser maior agora, mas manteve a promessa de recuperar o poder de compra do piso nos próximos anos.

"Para os trabalhadores da iniciativa privada, você poderia decretar um mínimo de R$ 400, R$ 450, porque muitas e muitas empresas já pagam isso ou mais do que isso. Qual é o nosso problema ao decretarmos o salário mínimo? É o rombo da Previdência Social, ou seja, nós temos este ano um déficit de R$ 31 bilhões e nós vamos consertar isso ao longo do tempo. Foi por isso que nós fizemos a reforma da Previdência Social", explicou.

Lula ressaltou que, além do "rombo" de R$ 31 bilhões, a Previdência Social está onerada por um passivo (valores que são contestados judicialmente) de R$ 200 bilhões e por um "esqueleto" de R$ 12,4 bilhões herdado do governo anterior - resultante de uma decisão judicial em favor de aposentados que entraram com processo reivindicando o prejuízo que tiveram com a URV (Unidade Real de Valor), em 1993. "Isso faz com que o caixa da Previdência não tenha o dinheiro que nós gostaríamos que tivesse para dar um aumento de salário mínimo maior."

O presidente frisou a "grande preocupação" da equipe econômica em não onerar ainda mais os cofres públicos. "Elevar o salário mínimo em mais R$ 10 significaria você gastar, em 12 meses, mais R$ 3 bilhões. Ou seja: seria apenas você aumentar o rombo da Previdência Social."

"Ora, nós tivemos o cuidado de dar o reajuste da inflação e uma pouquinha coisa a mais com a preocupação de que, em algum momento, nós vamos criar as condições para recuperar definitivamente o poder aquisitivo do salário mínimo. E nós vamos fazer isso com a maior responsabilidade do mundo, porque nós não podemos aumentar a dívida que a Previdência já tem com os seus aposentados e o rombo que ela tem no seu caixa. É humanamente impossível imaginar que poderia ser diferente", afirmou.

Após defender investimentos em habitação e saneamento básico como forma de gerar empregos nas regiões metropolitanas das grandes cidades, Lula fez mais um 'mea-culpa' sobre o reajuste do piso. "É por isso que nós não podemos dar um salário mínimo que eu, particularmente, gostaria de dar e tenho certeza que o ministro Palocci (Antônio Palocci, da Fazenda) gostaria de dar, que o ministro José Dirceu (da Casa Civil) gostaria de dar; um aumento que pudesse chegar a R$ 300. Agora, fazer isso sabendo que não tem dinheiro seria total irresponsabilidade nossa."

"Nós temos consciência de que o salário mínimo é pequeno, sabemos que é preciso que o povo tenha um pouco mais e nós tentamos resolver isso aumentando o salário-família. Por que? Porque nós queremos privilegiar a pessoa em função das suas necessidades, afinal de contas, aqueles que têm filhos menores de 18 anos de idade, aqueles que precisam de mais ajuda são aqueles que precisam ganhar um pouquinho mais", justificou o presidente.

"Mas o trabalhador pode ficar preparado que nós vamos trabalhar o ano inteiro, o mandato inteiro, na perspectiva de arrumar condições de fazer com que o salário mínimo efetivamente possa ser muito melhor do que já foi em qualquer momento da história do Brasil e muito melhor do que ele é agora. Agora, só podemos gastar aquilo que temos. Não podemos gastar mais para endividar uma Previdência que só vai ser recuperada ao longo do tempo, depois da reforma que nós fizemos."




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