Desde o início das férias na rede municipal de ensino, ADIs (Agentes de Desenvolvimento Infantil) de Santo André, que prestam serviço nas creches, reclamam de sobrecarga de trabalho. Isso porque professores saíram em férias e a demanda de alunos está acima da esperada pelos profissionais. O problema é observado em maior escala em creches das periferias, segundo os trabalhadores e o Sindiserv (Sindicato dos Servidores Municipais).

Funcionários da creche Manoel Campestrini, no Jardim Alzira Franco, são os que mais estão com dificuldade. Segundo ADI que preferiu não se identificar para não sofrer represálias, a unidade de ensino chega a receber até 30 alunos no período de recesso com apenas quatro funcionários para atendê-los. "Tem ADI de férias, afastado por problema de saúde e a gente não dá conta de fazer todas as tarefas do dia, como dar banho, comida, colocar pra dormir e brincar."

Para evitar acidentes, às vezes o momento de diversão é suspenso, comenta outra ADI. "A gente tem medo que eles se machuquem, então, quando tem muita criança, não vamos ao parquinho". Em dias normais, a profissional destaca que em sala com 25 alunos, além do professor, há média de quatro ADIs.

Em visita à creche, a equipe do Diário flagrou cerca de 25 crianças sendo observado por três ADIs na área de lazer. Ao contrário do que dizem os funcionários, a diretora destacou que a demanda de alunos corresponde a um terço da observada em dias letivos, quando há média de 100 crianças. A unidade conta com 11 ADIs, metade deles em férias.

Perto dali, na creche Parque Erasmo Assunção, ADI informa que 29 crianças estão frequentando a unidade nas férias, média considerada baixa tendo em vista que há 12 funcionários para cuidar delas. "Estamos tranquilos porque fizemos a conscientização dos pais que não trabalham sobre a importância de ficar com os filhos neste período, o que não acontece nas outras creches."

JORNADA - Segundo o diretor do Sindiserv, Josafá Lopes, o problema já preocupava quando começou a discussão sobre a redução da jornada de trabalho dos agentes de desenvolvimento infantil, no início do ano. A reivindicação é para diminuição de 40 para 30 horas semanais trabalhadas. "Os ADIs passam nove horas dentro das creches em trabalho intenso e desgastante", explica. Com isso, segundo ele, os ADIs são o segundo maior grupo de servidores afastados por problemas de saúde na cidade. "Pedimos levantamento para o departamento de Recursos Humanos da Prefeitura, mas não nos foi passado".

A administração municipal informou que desconhece qualquer queixa sobre o assunto e destacou que a abertura das creches nas férias é uma conquista das mães trabalhadoras. Apesar de dizer que a proporção de crianças por ADIs neste período é menor se comparada ao período normal de atividade, não forneceu números que comprovem a afirmação.