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Estudo alerta aos efeitos de droga na universidade
Por Wilson Marini
13/08/2018 | 07:00
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O desempenho dos universitários que fumam maconha é inferior ao daqueles que não usam a droga, segundo revela pesquisa do economista Alvaro Alberto Ferreira Mendes Junior, doutorando da Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Universidade Federal de Minas Gerais. Os resultados foram revelados em recente edição do Boletim UFMG e publicados na semana passada no site da instituição.

Os índices de aprovação em todas as disciplinas são maiores entre os não fumantes e, entre os usuários, tendem a diminuir à medida que aumenta a frequência do consumo. O pesquisador apoiou seu estudo no que ele considera os dois principais arquivos de dados disponíveis sobre drogas no Brasil: o levantamento nacional da USP, feito em parceria com a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, do Ministério da Justiça, e a base elaborada pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas sobre Álcool e outras Drogas, sediado na Unifesp.

Rendimento lento

Os dados revelam que apenas 50,7% dos estudantes que fumam maconha passaram direto em todas as disciplinas, enquanto entre os não usuários a proporção foi de 66,1%. E só 49,6% dos usuários com risco alto ou moderado de dependência tiveram esse desempenho. A proporção foi de 66,1% para aqueles com risco baixo ou nulo. Os dados utilizados na tese foram gerados por entrevistas feitas em 2009, com 12.711 estudantes de 100 universidades, públicas e privadas.

Classes sociais

O trabalho mostra que, entre os universitários brasileiros, a maconha pode ser classificada como um bem normal – a demanda é maior quanto mais alta é a renda. “Nossa melhor estimativa indica, por exemplo, que os alunos que pertencem às classes A e B têm 120% mais chances de consumir quando comparados aos das classes C, D e E. Mas, uma vez iniciado o consumo, muitos estudantes de menor poder aquisitivo progridem para o consumo de risco.

Dez por cento dos usuários oriundos da classe C apresentam risco alto de dependência para a cannabis. Entre os classificados na classe A, são apenas 3,1%”, diz Álvaro Mendes, que leciona na Universidade Cândido Mendes, no Rio. O pesquisador explica que escolheu o público universitário por constituir o recorte que conta com a melhor base de dados disponível no Brasil.

Legalização

Para Álvaro Mendes, a defesa da legalização da maconha é baseada mais no interesse próprio dos proponentes do que em evidências científicas. “O lobby pela legalização é feito sobretudo por usuários, representantes da contracultura, fundações internacionais e especialistas”, diz ele.

Custos altos na sociedade

Sobre o consumo de drogas como a maconha, o pesquisador aponta estudos que projetam custos elevados para a sociedade. Estimativas nos Estados Unidos mencionam que os gastos com as consequências desse consumo seriam quatro vezes maiores que as receitas advindas da legalização. “No Brasil, um em cada três cigarros de tabaco é contrabandeado, o que tende a se repetir com a maconha”, diz ele. “E o poder dos traficantes certamente seria capaz de manter o monopólio da venda da droga. Além disso, pesquisas mostram que o consumo no Brasil, que ainda é baixo se comparado ao de países desenvolvidos, aumentaria significativamente com a legalização”.

Agravamento da saúde pública

Álvaro Mendes começa a preparar um livro sobre a cannabis. Os estudos realizados por ele vão ao encontro de experiências internacionais. “A legalização leva ao agravamento de questões relacionadas à saúde pública e a prejuízos para o desempenho dos estudantes”, diz ele. “Mais eficaz é reduzir a demanda, por meio de um pacto social contra o consumo”. Exemplos de sucesso nessa área são as campanhas contra as drogas realizadas nos Estados Unidos, que reduziram significativamente o uso, de 1979 a 1992. No Brasil, nas últimas décadas, constatou-se também a diminuição do consumo de tabaco.

Observatório

O uso de drogas faz parte da realidade de milhares de municípios brasileiros, de acordo com a CNM (Confederação Nacional de Municípios). A entidade acompanha as informações desde 2011, por meio do Observatório do Crack. O canal apresenta, por meio de mapas, um retrato de como as cidades têm sido afetadas pela droga.

Shoppings no Interior

Quatorze cidades do Interior com mais de 150 mil habitantes ganharão centros de compras até dezembro, segundo a Alshop (Associação Brasileira de Lojistas de Shopping). O segmento tem a expectativa de encerrar o ano com crescimento nominal de vendas de 6,5%. 




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