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Mães fazem ‘mamaço’ na Vila Luzita

Grupo de mulheres promoveu ato após jovem denunciar ter sido impedida de amamentar nas em terminal

Daniel Macário
13/07/2018 | 07:00
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André Henriques/DGABC


 Um mamaço foi realizado ontem, no Terminal da Vila Luzita, em Santo André, dois dias após uma jovem ter dito que foi impedida por seguranças da Suzantur de amamentar seu filho, de apenas 1 mês, nas dependências do equipamento público. Cerca de 100 pessoas participaram do ato, de acordo com a organização do evento.

Acompanhadas a todo instante de perto por agentes da Suzantur, mulheres realizaram nas dependências do equipamento a distribuição de panfletos destacando a importância da amamentação, inclusive com trechos da lei estadual 16.047/15, que fixa multa de R$ 616,80 – valor corrigido anualmente com base na Ufesps (Unidade Fiscal do Estado de São Paulo) – caso mães sejam impedidas de realizar o aleitamento materno em estabelecimentos de uso coletivo, públicos ou privados.

“O ato vem, justamente, exigir que a legislação vigente seja colocada em prática. Ou seja, amamentar em público é um direito da mãe e um direito da criança de ser alimentada. O que aconteceu no Terminal da Vila Luzita foi um constrangimento de uma mulher. Isso não pode acontecer”, explica a especialista em assistência social e uma das organizadoras do evento Solange Massari.

Durante o ato, mulheres aproveitaram a oportunidade para compartilhar relatos de abusos semelhantes ao sofrido pela dona de casa Thaís Magalhães, 21. Na terça-feira, segundo a jovem, ela teria sido abordada por três funcionários da Suzantur, enquanto aguardava ônibus no terminal. Na ocasião, eles a impediram de amamentar o filho Otto.

Ainda abalada com o episódio, a jovem não compareceu ao ato. Segundo sua irmã, Janaína Santina, 36, a mesma tem tentado preservar sua imagem após o ocorrido. No entanto, a família tem buscado respaldo jurídico para o andamento do caso.

“Ela ficou chateada com a situação, no dia do episódio, e chegou na minha casa abalada. Ela tem um bebê muito pequeno, então ainda está no puerpério (período pós-parto, onde mulheres passam por alterações hormonais, físicas e emocionais)”, relata Janaína.

Ao longo da manifestação, em diversas oportunidades, mães que compareceram ao ato com seus filhos fizeram o aleitamento materno. “A amamentação é um ato nobre, essencial para o desenvolvimento da criança. Precisamos quebrar esse tabu”, disse a funcionária pública Juliana Andrade, 33, que veio da Capital participar do ato.

Acompanhada de sua neta, a aposentada Rosa dos Santos, 67, também pediu mais respeito da sociedade civil durante o ato. “Na minha época, amamentar era algo normal. Hoje em dia vejo que não existe respeito com o corpo da mulher, tudo é sexualizado. Isso precisa de um fim. Precisamos ser respeitadas”. enfatiza.


CURIOSIDADE

Enquanto mulheres realizavam o protesto, funcionários da empresa montaram, nas dependências do Terminal da Vila Luzita, espaço de apoio com aproximadamente 20 cadeiras e mesa com água e café para os manifestantes.

Suzantur diz apurar caso e garante que repudia condutas semelhantes 

Por meio de nota, a Suzantur afirma que todos os colaboradores do Terminal da Vila Luzita foram convocados pela empresa “a fim de tentar elucidar” o episódio denunciado pela jovem Thaís Magalhães, 21 anos. “Indagados a respeito do assunto, (os colaboradores) relataram que nada ocorreu, não presenciaram nenhuma ação semelhante ao narrado.”

A Suzantur diz ainda repudiar de forma “veemente” situações como a ocorrida na terça-feira. Ontem, representantes da empresa não se pronunciaram durante o ato no terminal.

A Prefeitura de Santo André, por meio da SATrans (autarquia que gerencia o transporte municipal), afirma que cobrou posicionamento da Suzantur sobre o ocorrido.

Se comprovado, especialistas dizem que o ato pode ser enquadrado como crime de abuso de autoridade.




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