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Campanhas: do tostão ao milhão
Arthur Lopez
Do Diário do Grande ABC
12/02/2006 | 09:26
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Uma campanha eficaz para deputado pode custar US$ 1 milhão ou nem R$ 7 mil, depende se o valor foi fornecido por um marqueteiro de renome ou pela prestação de contas oficial ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de um parlamentar eleito. Daqui a menos de cinco meses, a campanha eleitoral começa a inundar ruas, postes e muros. Mas o custo real de tudo isso, principalmente das candidaturas vitoriosas, sempre foi um enigma à sombra de caixa 2. Profissionais de marketing calculam serem necessários até US$ 12 para cada voto conquistado pelo candidato. Mas existem deputados eleitos que garantem ter gasto somente R$ 0,20 por voto.

De acordo com o presidente da Abicop (Associação Brasileira de Consultores Políticos), Carlos Manhanelli, o principal atributo para que uma candidatura obtenha sucesso nas urnas é sua representatividade. “Tem de ser líder de alguma coisa. Antes de sair candidato, é necessário já ter um trabalho de liderança social ou regional”, explica. Segundo ele, quanto mais representativa for a candidatura, menor será o gasto direto, porque terá mais contribuições em materiais, como camisetas e imóveis para comitês.  

Um estudo da Abicop levantou os gastos de um candidato com uma campanha grande que não receba nenhuma contribuição. “Se o político tiver de comprar tudo, começar do zero, sem estrutura ou apoio, irá gastar de US$ 10 a US$ 12 por voto”, revela Manhanelli. A estimativa é que um candidato a deputado em São Paulo tenha de obter entre 70 mil a 100 mil votos para ser eleito. Dessa forma, uma candidatura crua gastaria em torno de US$ 1 milhão, ou R$ 2,3 milhões. “Isso para pagar tudo, do cafezinho à agência de publicidade”, diz.  

O Diário teve acesso a um orçamento de campanha para deputado federal levantando o preço de toda a estrutura necessária para os três meses de trabalho  que antecedem a eleição em outubro (veja quadro nesta página). De festas de lançamento da candidatura, material publicitário de apoio, pessoal, veículo para pintura de muros a aluguel de comitês serão necessários R$ 433,6 mil.

Caminho inverso – O cientista político da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e diretor do site Política para Políticos, Francisco Ferraz, aposta na comunicação como ponto chave para ter êxito numa eleição. Ele considera muito arriscado fazer a conta de quanto custa cada voto e diz que o que acontece é o caminho inverso: “O candidato checa quanto dinheiro tem para a campanha e quanto pode levantar, então pergunta com quantas pessoas ele vai poder se comunicar com esse orçamento.”

Embora o marqueteiro Chico Malfitani atue apenas em campanhas majoritárias (para cargos no Executivo), ele afirma que para uma vitória entre vereadores e deputados outros fatores têm um peso maior do que o dinheiro. “Tem de ser conhecido e desenvolver um trabalho numa comunidade, ligado a uma boa administração ou ser artista, por exemplo.” Segundo ele, “numa escala de 10, o dinheiro conta apenas três”.

Malfitani, que se consagrou nas primeiras campanhas vitoriosas do PT e este domingo atua mais com o PSB, admite, porém, que a propaganda é fundamental. “O nome tem de aparecer, não pode ser candidato escondido e isso custa dinheiro.”



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