Economia Titulo Emprego
Indústria fecha 1.800
postos de trabalho

Contrariando estatísticas, região teve saldo negativo de 850
vagas; em janeiro de 2011, foram gerados 950 empregos

Por Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
15/02/2012 | 07:00
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O emprego na indústria do Grande ABC segue perdendo postos. Em janeiro foram fechadas 1.800 vagas na comparação com o mesmo mês de 2011. Os dados refletem basicamente os efeitos da combinação de dois fatores que geraram o crescimento dos estoques nas indústrias que, sem pedidos, demitiram. Um deles é a importação, que ganhou força no ano passado por conta do dólar - que na maior parte de 2011 ficou na casa de R$ 1,60. O outro, são as medidas governamentais para conter a tomada de crédito, que vigoraram durante quase todo o ano passado, como alta de juros e diminuição do prazo de financiamento, visando reduzir a inflação.


Janeiro contrariou as estatísticas, já que o mês sinaliza retomada de contratação no setor - após a dispensa realizada tradicionalmente em novembro e dezembro, meses parados para a produção e fortes nas vendas. As indústrias da região tiveram saldo negativo de 850 postos de trabalho. No primeiro mês de 2011, para se ter ideia, foram geradas 950 vagas. Ou seja, são 1.800 empregos a menos.

"A tendência é a de desemprego. A indústria tem perdido participação e importância na economia e, para piorar, existe queda nos investimentos. Isso faz com que a retração seja inevitável", afirma Donizete Duarte da Silva, diretor do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de Diadema.

O dirigente critica também o governo, que não tem plano que auxilie o setor a resgatar seu papel na atividade econômica. "O que existe é um incentivo ao comércio. Só que o comerciante sempre vai vender o que tiver em sua prateleira, não importando em que país ele tenha sido fabricado."

Na comparação com dezembro, quando o saldo ficou negativo em 1.900 postos, houve redução de 0,33%. A variação é a pior desde 2006, à exceção do período da crise, que viveu seu auge em janeiro de 2009.

O fechamento dos postos foi puxado pelo mau desempenho nos segmentos da indústria metalúrgica (-2,54%), produtos de borracha e material plástico (-0,90%) e veículos automotores e autopeças (-0,23%). O resultado só não foi pior devido à atuação tímida, mas positiva dos setores de máquinas e equipamentos (0,27%), produtos de metal exceto máquinas e equipamentos (0,15%) e produtos químicos (0,04%).

As cidades que mais demitiram foram Santo André, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, com perdas de 750 vagas. "Isso ocorreu porque o carro-chefe das indústrias desses municípios são as montadoras, que não estão fazendo pedidos, mas estão batendo recorde em vendas", aponta, referindo-se ao fato de essas empresas produzirem pneus e peças de borracha, plástico e metal para veículos, que são fabricados em São Bernardo e São Caetano. "A maior parte das montadoras tem aderido cada vez mais ao CKD, que é a importação de peças que são montadas aqui."

Para Silva, a situação na região pode ficar ainda pior com a restrição da circulação de caminhões em 20 das principais vias das sete cidades, nos dias úteis, das 6h30 às 9h e das 16h às 20h. O Consórcio Intermunicipal do Grande ABC pretende implantar o projeto até 8 de abril. O assunto ainda está sendo discutido. Hoje, às 14h, empresários, representantes de associações e entidades industriais e do setor público vão se reunir no Ciesp Diadema para debater a questão.

 

No Estado de SP, foram criadas 500 oportunidades

O setor produtivo paulista criou 500 postos de trabalho em janeiro, comportamento praticamente estável ante dezembro de 2011, com alta de apenas 0,03% na leitura sem ajuste sazonal. Já na série com ajuste sazonal, a taxa ficou negativa em 0,18%, o que levou o primeiro mês do ano a ficar abaixo da média histórica para meses de janeiro.

“Não é um resultado animador. Não achamos que será um ano muito confortável para o emprego na indústria de transformação, muito pelo contrário, a previsão para 2012 é de comportamento medíocre novamente”, diz Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisas Econômicas da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

As usinas de açúcar e álcool foram as principais responsáveis pela criação de empregos em janeiro. da Redação




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