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Filme de Michael Moore pode afetar eleições nos EUA
Por Da AFP
25/05/2004 | 18:32
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O sucesso que o documentário Fahrenheit 9/11 fez no Festival de Cannes, na França, será refletido na audiência do filme nos Estados Unidos e, também, nas eleições presidenciais de 2 de novembro. A afirmação é feita por especialistas, os mesmos que garantem que a consagração no mais badalado festival do mundo, onde o longa-metragem do cineasta norte-americano Michael Moore recebeu a Palma de Ouro, ajudará a reviver o gênero documental, esquecido por Hollywood nos últimos anos.

A fita se cercou de polêmica depois que os estúdios Walt Disney proibiram a Miramax, sua subsidiária, de distribui-la. A empresa afirmou que não era “uma companhia partidária” e que por isso não queria lançar a obra em “pleno período eleitoral”. “A recusa da Disney em distribuir Fahrenheit 9/11 certamente foi a melhor campanha de publicidade para o filme”, diz Larry Noble, diretor executivo do Centro para a Política Responsável, com sede em Washington.

“Michael Moore é um cineasta polêmico e provavelmente os que verão o filme seguem a linha anti-Bush. Já a consagração em Cannes motivará as pessoas não só a assistirem, mas também votarem contra Bush. Os norte-americanos amam o desafio e Moore é, talvez, uma das personalidades mais polêmicas da indústria”, diz Howard Suber, da Universidade da Califórnia. “Ele chama a atenção de todos os meios de comunicação por conta de sua personalidade desafiadora. É um provocador profissional. E, assim, garante a audiência de seus filmes”, afirma Noble.

Ao receber o prêmio, no sábado (dia 22), o cineasta o dedicou “às crianças dos Estados Unidos e do Iraque e a todos que sofrem no mundo por causa das ações dos Estados Unidos”. O público presente na cerimônia recebeu o anúncio do prêmio com um sonoro aplauso e Moore declarou: “Graças a vocês, os Estados Unidos não serão mais o único país onde este filme não será visto”. O cineasta também ressaltou que agora receberá propostas de distribuição em seu próprio país, isso após a Disney anunciar que cederá os direitos do filme para a Miramax.

Fahrenheit 9/11 é uma crítica mordaz à forma como o governo norte-americano conduziu a investigação sobre os atentados de 11 de setembro de 2001 e como o presidente manipulou a opinião pública para gerar uma psicose de medo a fim de apoiar seus planos de guerra contra o Iraque. O jornal The New York Times avaliou, no domingo (23), que “a recompensa de Moore vai além do mundo do cinema e das luzes”. “Pouco importa o que você pensa sobre Moore, está claro que ele tem dinamite”, publicou o jornal.

O Los Angeles Times, por sua vez, dedicou uma crônica factual ao cineasta, na qual destacou que a Palma de Ouro é a primeira que consagra um documentário em quase 50 anos: “Uma Palma de Ouro nem sempre tem influência na bilheteria, mas neste caso certamente ajudará”. A publicação lembrou ainda que o anúncio do prêmio foi celebrado com um aplauso “contínuo” em Cannes.




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