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‘Saúde era o ponto de maior deterioração’, diz Auricchio

Prefeito de São Caetano faz balanço do primeiro ano de gestão

Humberto Domiciano
Do Diário do Grande ABC
27/12/2017 | 07:00
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André Henriques/DGABC


O prefeito de São Caetano, José Auricchio Júnior (PSDB), completa o primeiro ano de seu terceiro mandato com o discurso de ter conseguido equilibrar financeiramente o município e preparar o caminho para novos investimentos. Em entrevista ao Diário – a terceira da série sobre balanços de governo –, o tucano relatou que medidas como contingenciamento e corte de despesas deram resultado e a cidade termina 2017 com superavit de R$ 34 milhões.

Para Auricchio, foi possível avançar em áreas como Saúde e Educação, além de tomar medidas inovadoras, como a possibilidade de compra de uniformes por meio de cartão entregue aos pais de alunos de rede. Ele também analisou como positiva a busca por recursos junto ao governo federal.

Como o sr. analisa esse primeiro ano de mandato, o nono à frente do Palácio da Cerâmica? Situação diferente das demais em que assumiu o comando do Paço?

Não diferente de outras cidades da Região Metropolitana (de São Paulo), pois foi um ano de ajustes. Faz nove anos que sou prefeito, e foi indiscutivelmente mais difícil. Temos dois componentes que estão ligados: a questão da instabilidade nacional (econômica e política), que acaba virando uma crise local. O cenário fica complicado e encontramos coisas preocupantes no dia 1º de janeiro. Foram R$ 190 milhões em deficit primário, de fato, e tivemos de promover ajustes. Estamos chegando a um equilíbrio financeiro após intenso exercício de gestão, com contingenciamento, corte de despesas e contratos, redução do quadro de pessoal, com 2.000 desligamentos. Isso começa a mostrar frutos, estamos com cerca de R$ 34 milhões de superavit. E ainda sinalizando alguma retomada na capacidade de investimento do município.

De que maneira é possível verificar essa melhora na capacidade de investimento?
Numericamente mesmo. Estamos prevendo no Orçamento R$ 50 milhões com possibilidade de investimento, o que é positivo, após termos assumido com capacidade negativa (diante da peça formulada pelo ex-prefeito Paulo Pinheiro, MDB). Há um indicativo real disso.

Quanto foi apurado de herança de restos a pagar e, desse valor, o que o governo conseguiu quitar no período?
Herdamos R$ 190 milhões de restos a pagar, e é importante frisar que eram R$ 150 milhões declarados e R$ 40 milhões não declarados. Estamos chegando ao final com superavit orçamentário de R$ 60 milhões. Isso dá, nominalmente, R$ 34 milhões. Zeramos o restos a pagar então.

Qual outro aspecto que dá para demonstrar a recuperação do município?
Tivemos a revisão do nosso grau de risco de investimento por parte do Banco do Brasil, de C para A. Isso é um sinal claro da retomada e dos efeitos do ajuste fiscal.

O que essa nota possibilita ao município?
Isso nos dá prioridade para financiamentos tanto nacionais quanto internacionais.

Como está o andamento do programa Avançar Cidades, do governo federal, em São Caetano?
São cinco projetos já enquadrados no programa, que totalizam R$ 70,4 milhões, em mobilidade e saneamento, com obras de controle de perdas, manejamento de resíduos sólidos, acessibilidade em calçadas, ciclovia e reforma do terminal rodoviário.

A sinalização do governo federal é positiva a esse projeto em um ano de eleições?

Como tivemos cartas selecionadas, tecnicamente foram aprovadas as cartas. Resta agora o financiamento.

Qual a avaliação da área de Saúde, sempre ponto delicado nos municípios?
Era o ponto de maior deterioração, é o que vai ter a maior dificuldade, ponto mais depauperado do governo passado, demanda grau de esforço maior para corrigir. Estamos tendo avanços significativos. A parte farmacêutica ficou em dia, assim como a fila de exames e diagnósticos. Estamos reformando o Hospital de Emergências, reabrindo o Hospital São Caetano, muita coisa sendo tocada.

E em relação à Educação?
Estamos mudando a sede da secretaria, para onde era o antigo Centro Digital. Isso dá conforto maior ao munícipe e se ampliam as ações técnicas da Pasta. Estamos com várias escolas em reforma, acertamos a questão do material escolar no meio do ano. Além disso, demos um salto em termos de inovação, que é a transferência do cartão de uniforme escolar, que está indo muito bem.

Neste ponto de inovação, o sr. adotou medidas mais liberais, como essa do uniforme. Como será daqui para frente?
É o desafio de poder trabalhar as questões que eram os grandes gargalos. Eram três: o programa de cesta básica estava interrompido, mas vamos entregar o primeiro lote para 7.000 famílias; tivemos a questão do plano de saúde do servidor público e o uniforme escolar, que era o maior. Precisávamos buscar solução, levamos ao TCE (Tribunal de Contas do Estado) até pelo ineditismo da situação e eles aprovaram. E conseguimos efetivá-lo para os pais. Resposta boa dos pais e a partir do ano que vem teremos resposta quando começam as compras, em janeiro.

Diante da crise de desemprego, quais projetos há para geração de emprego e renda?
Temos atividade industrial forte e pesada, e à medida que a economia nacional começa a reaquecer, a cadeia produtiva da cidade acaba sendo beneficiada. Estamos tentando atrair empresas, e tivemos sucesso ao trazer empresas limpas, verticalizadas e com grande concentração no setor de Saúde. Estimula a seguir estudando esse tipo de procura. A aposta é sempre em valor agregado e em serviços aplicados à indústria. Temos curva positiva de receita e de geração de empregos.

A Controladoria foi aspecto considerado importante da gestão. Como analisa a aplicação?
Talvez tenha sido o maior avanço em termos de transparência. É um exemplo, outros municípios vieram atrás do nosso modelo. Ainda é novo, mas terá impacto preventivo e educativo no aspecto de recuperação de valores perdidos com a corrupção.

O governo teve contato com a Controladoria da Capital. Quais experiências podem ser compartilhadas?
Estamos falando com eles sempre. Teremos o Sispatri (Sistema de Acompanhamento Patrimonial), que é um software de evolução do servidor público. Nos próximos meses estará concretizado.

Qual o resultado efetivo da viagem para Barcelona, dentro do SmartCities?
Foi o maior evento de cidades que já participei. Acabou sendo positivo, bem elaborado. Mas a possibilidade de intercâmbio, exposição de produtos, mudou minha visão. Quero ir novamente. Temos que trazer para a realidade brasileira o que se faz lá e mostrar boas experiências.

Existe algum tema que foi dominante nesta discussão?
Tivemos três temas bastante debatidos: mobilidade, tratamento de resíduos e fornecimento hídrico.

O sr. participou, também recentemente, de evento sobre gestão pública. Como foi?
Pudemos fazer balanço de um ano, medidas antes da posse e o que se conseguiu fazer. Foram cinco cidades com a gente (São Caetano). Os eixos de dificuldade são os mesmos.

No que tange à relação com a Câmara, o sr. não teve problemas. Como foi a construção?
Aprovaram muitos projetos, foram parceiros no apoio às dificuldades. Tivemos relação boa. É um debate transparente de interesse público.

Como fica o MDB, ex-PMDB, na questão do apoio?
Houve um avanço, deu parada até pelo fim de ano e pela mudança de comando nacional. Mas vejo que teremos eles no arco de alianças, sim.

O PSDB terá candidatura a deputado em São Caetano?
Estamos promovendo discussão coletiva com Santo André e São Bernardo. É claro que o Grande ABC precisa ter representatividade regional e o PSDB, também. A região é importante para o partido e na hora certa teremos a resposta certa, concreta.

E o governo de São Paulo?
Pode acontecer tudo. Mas espero que tenhamos bom senso, para buscar a unidade. Precisamos ter a consciência de que nossos adversários estão fora do PSDB e não dentro do partido.

Na questão nacional, há a dificuldade do governador Geraldo Alckmin engrenar na disputa à Presidência?
Acho que não. Tivemos pesquisas recentes que mostram ele na liderança em São Paulo, alargando a diferença frente ao (Luiz Inácio) Lula (da Silva, PT) e ao Jair Bolsonaro (PSC-RJ). A partir do momento que pudermos apresentar ao País o que fez nos quatro mandatos no Estado de São Paulo, não tenho dúvidas que será bem recebido.

Há condições favoráveis para o governo federal aprovar atualmente as reformas?
O Brasil urge por reformas. O próximo governo terá que ser reformista. Acho legal o atual governo querer entregar com as reformas feitas. Espero que consiga vencer. 




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