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No Grande ABC, pedidos de seguro-desemprego sobem 25% na pandemia

De 16 de março a 15 de julho são 49,6 mil, 10 mil a mais que em 2019 e 69% do total desde o início do ano

Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
28/07/2020 | 00:05
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Rafael Neddermeyer/Fotos Públicas


Os pedidos de seguro-desemprego dispararam 25,4% durante a pandemia do novo coronavírus, chegando a 49.620 requerimentos. De 16 de março a 15 de julho, na comparação com o mesmo período em 2019, houve acréscimo de 10.052 solicitações. À época, o número de benefícios concedidos era de 39.568. O aumento é reflexo da retração econômica ocasionada pelo isolamento físico adotado desde 24 de março como forma de combate à Covid-19.

Os números, disponibilizados a cada 15 dias pelo PDET (Programa de Disseminação das Estatísticas do Trabalho), são do Ministério da Economia, e tabulados pelo Diário.

Quando se analisam os dados desde o início do ano, até a última quinzena, foram concedidos 71.880 benefícios para a região – ou seja, os pleitos realizados durante a pandemia representam 69,03% do total. De janeiro a 15 de julho do ano passado, os requerimentos totalizaram 62.250, o que significa que houve aumento de 15,47%.

Entre as sete cidades, a que registrou maior número de pedidos de seguro-desemprego, desde o início das medidas de isolamento físico, foi São Bernardo, com 15.797, alta de 20% em relação ao ano passado.

O coordenador do Conjuscs (Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura) da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), Jefferson José da Conceição, ponderou que o número de benefícios concedidos em 2020 até o momento representa praticamente 10% do mercado de trabalho formal da região, que é estimado em 750 mil pessoas.

“Trata-se de um expressivo volume. A pandemia agravou a situação econômica, que já não era boa, pois não tínhamos uma retomada forte do mercado de trabalho”, afirmou Conceição, ao estimar que 70% das entradas no seguro-desemprego neste ano sejam fruto da pandemia.

“Os números deste ano são praticamente 5% da população economicamente ativa do Grande ABC (de 1,4 milhão de pessoas, de acordo com a Fundação Seade). Se a gente somar aqueles que já estavam desempregados e não recebem mais seguro-desemprego, é pesado. Mas, está em linha com provavelmente o pior ano recessivo do País”, disse o coordenador do curso de administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero. Ele afirmou que, “na melhor das hipóteses”, o mercado de trabalho só deve se recuperar no fim de 2021.

No País, o número de pedidos de seguro-desemprego até 15 de julho deste ano aumentou 13,4% na comparação com o mesmo período do ano passado. Ao todo, foram apresentados 4,239 milhões de requerimentos, 502,1 mil a mais ante 2019.

INFORMAÇÕES

Para ter acesso ao benefício, é necessário que o trabalhador não usufrua de qualquer benefício de prestação continuada, exceto auxílio-acidente, auxílio suplementar e abono de permanência em serviço; e que não possua renda própria de qualquer natureza. Também é preciso comprovar os salários de pelo menos 12 meses nos 18 meses anteriores à data de dispensa, no caso da primeira solicitação do benefício.

O empregador é o responsável por fornecer o requerimento do seguro-desemprego ao trabalhador, que pode fazer o cadastro no site do governo federal (https://www.gov.br/pt-br/servicos/solicitar-o-seguro-desemprego).

Outros caminhos são a central telefônica 158, com funcionamento de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h, e o aplicativo Carteira de Trabalho Digital.

O valor do benefício, pago de três a cinco meses, deve ficar entre um salário mínimo, R$ 1.045, e o teto de R$ 1.813,03. O cálculo é feito a partir de fórmula que considera a média de salários dos últimos três meses anteriores à demissão. “Após a análise da solicitação, o trabalhador terá informada pelo portal ou pelo aplicativo no celular a situação do seu pedido. Se aprovado, saberá quantas parcelas e quais valores do benefício terá direito. Caso o pedido seja negado, será possível solicitar uma nova análise”, orienta Ruslan Stuchi, advogado trabalhista e sócio do escritório Stuchi Advogados. 




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