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Na região, criminalidade cai no primeiro semestre

Quarentena é uma das justificativas para a queda; retomada das atividades pode fazer indicadores voltarem a subir

Flavia Kurotori
Do Diário do Grande ABC
25/07/2020 | 00:01
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EBC


O Grande ABC registrou queda nos principais indicadores criminais no primeiro semestre em comparação ao mesmo período de 2019. A quarentena imposta pelo novo coronavírus é uma das justificativas para a redução das ocorrências, já que o isolamento foi realidade em três dos seis primeiros meses do ano. O decréscimo nas ocorrências se repetiu em todo Estado de São Paulo, conforme dados divulgados ontem pela SSP (Secretaria da Segurança Pública).

Na região, a incidência de homicídios dolosos (quando há intenção de matar) foi de 90 para 80 (-11,1%), enquanto os roubos em geral passaram de 11.477 para 9.373 (-18,3%), os furtos em geral caíram de 10.564 para 8.290 (-21,5%), os roubos de veículos foram de 3.559 para 2.111 (-40,7%) e os furtos de veículos reduziram de 4.671 para 3.108 (-33,5%) – veja dados por cidade na arte acima.

Já no Estado, o único indicador que subiu foi o de homicídio doloso, cujos casos foram de 1.465 para 1.522 (3,9%). Os demais registraram queda: roubo em geral (-8%), furto em geral (-25,6%), roubo de veículos (-31,4%) e furto de veículos (-27%).

“Os crimes contra o patrimônio tendem a subir com a quarentena, já que as pessoas ficaram mais em casa”, afirmou David Pimental Barbosa de Siena, coordenador do Observatório de Segurança Pública da USCS (Universidade Municipal de São Caetano). “Este foi o principal fator, principalmente porque nenhuma política diferenciada foi adotada”, completou.

Para o coronel Renato Nery Machado, comandante do CPAM/6 (Comando de Policiamento de Área Metropolitana 6), responsável pelo Grande ABC, o isolamento físico foi responsável por parcela pequena na redução da criminalidade. “Grande parte (da queda) se deu pelas ações da PM (Polícia Militar), que não deixaram de acontecer e permaneceram do mesmo modo, com o mesmo nível de policiamento e até mesmo com intensificação das ações preventivas, já que, com menor número de pessoas na rua, tivemos menos acionamentos ao 190 (telefone de emergência a PM).”

Na avaliação de Siena, a tendência é que, conforme as atividades sejam retomadas, como a reabertura do comércio e o retorno de funcionários ao trabalho presencial, a criminalidade volte aos índices pré-pandemia. “Se comparar com os últimos meses, teremos aumento expressivo das ocorrências, pois, de certa maneira, a criminalidade ficou represada, mas os números devem se aproximar aos observados nos mesmos meses do ano passado. Infelizmente, a tendência é que a criminalidade volte assim como todo o resto”, assinalou.

LETALIDADE POLICIAL
Na contramão dos indicadores de ações criminais, as mortes causadas por intervenção policial, considerando policiais militares e civis em serviço ou não, cresceram 93,3% na região, considerando o semestre ante mesmo período de 2019, indo de 15 para 29 vítimas, segundo dados do Portal de Transparência da SSP. Conforme o Diário publicou há um mês, levando em conta apenas o período da quarentena (23 de março a 30 de maio), a letalidade aumentou 466% – de três, no ano passado, para 17 mortes.

Segundo o coronel Nery, embora a incidência de crimes tenha reduzido, o número de confrontos armados aumentou. “A quantidade de atos com arma de fogo, como a prática de roubos com uso de arma, levou à intensificação dos confrontos”, esclareceu. Porém, o comandante destacou que o número analisado pela equipe de reportagem inclui ações da PM e da Polícia Civil. “Parte das ocorrências inclui policiais de folga ou, até mesmo, ações de fuga que começaram em outras localidades, mas que o indivíduo acabou morto na região, fora as tentativas de roubo de policiais que estavam de folga”, adicionou.

Siena salienta que o fato de a letalidade subir quando a criminalidade está caindo é um paradoxo. “É um tema que tem sido debatido no meio acadêmico e uma das hipóteses é que está havendo uma mudança na política dos batalhões com a implementação do fator político e da ideia de lei e ordem.” 




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