O governador João Doria (PSDB) jogou a responsabilidade para expulsão do deputado federal Aécio Neves do partido para a executiva nacional da legenda social-democrata. “A posição é dada pela direção nacional, a executiva. O Bruno Araújo (presidente nacional), ao longo da próxima semana, deve se manifestar a respeito”, limitou-se a dizer.

No início da semana passada, a cúpula do PSDB, diretamente ligada ao governador, ameaçou expulsar Aécio se ele não pedir afastamento do partido. A pressão pelo desligamento do deputado federal se intensificou depois que ele virou réu na Justiça Federal de São Paulo, acusado de receber propina de R$ 2 milhões do grupo J&F e tentar obstruir investigação da Lava Jato.

E quem encabeça o pedido da saída de Aécio é o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, bastante próximo de Doria. Em contrapartida, o diretório de Minas Gerais, por onde Aécio se elegeu, também ameaçou pedir a expulsão do neto de Mário Covas, que é investigado em um processo de improbidade administrativa por supostos problemas nos editais do Carnaval paulistano em 2018 e 2019. Questionado, Covas, que deve tentar a reeleição frente à prefeitura da cidade, disse “ou ele ou eu” e também jogou a responsabilidade ao diretório nacional.

Doria, que na ocasião estava em Cambridge, na Inglaterra, onde se reunia com investidores, chegou a dizer que “o melhor seria uma saída espontânea” de Aécio. Ontem, em Ribeirão Pires, no entanto, se esquivou de opinar.

O PSDB de São Bernardo aprovou quinta-feira, por unanimidade, moção pela expulsão do deputado federal. A justificativa da direção da sigla foi a lista de casos suspeitos de corrupção envolvendo o ex-senador mineiro.

“Não tem mais condições. Ele (Aécio) deixou imagem hoje no PSDB de profundo desconforto. Não tem explicação ao assunto. Ele se tornou réu com aquela gravação horrorosa com o Joesley (no qual ambos tratam sobre valores de propina). Essa postura que o Aécio deixou no partido refletiu na eleição do ano passado. PSDB precisa fazer revisão”, defendeu, na oportunidade, o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando. O pedido de expulsão foi assinado pela deputada estadual e líder do partido na Assembleia Legislativa, Carla Morando.

Kiko Teixeira recebe convite para voltar a integrar legenda

O prefeito de Ribeirão Pires, Adler Kiko Teixeira (PSB), recebeu ontem do governador João Doria (PSDB) o convite oficial para retornar aos quadros do PSDB. A ‘convocação’ foi feita durante a entrega das obras do Parque Linear da Avenida Kaethe Richards, em Ribeirão Pires.

"Você (Kiko) já esteve no PSDB, que é o partido ao qual eu pertenço desde 2001. Não quero politizar esse encontro, que é técnico, para entrega de obras, mas quero dizer para você que as portas (da legenda) estão abertas”, convidou Doria.

O prefeito, ao fim do evento, lembrou de sua história no partido, no qual ingressou em 1992 e saiu em 2013, para tentar ser deputado federal pelo PSC. Tempos depois foi para o PSB, pelo qual se elegeu prefeito. “Um convite desse, com as gentis palavras do governador, nos enaltece, mas não podemos deixar a vaidade tomar conta. Estamos estudando essa possibilidade com muita racionalidade, até porque é um convite do governador, que se mostrou predisposto não a me ajudar, mas sim a Ribeirão Pires. Temos de tratar essa convocação com muito carinho”, disse Kiko.