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Ausência do Detecta em toda região prejudica combate ao crime

Apenas três cidades têm câmeras integradas ao banco de dados da PM; especialistas criticam

Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
14/09/2018 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


Lançado há quatro anos, o Detecta – sistema de monitoramento inteligente do governo do Estado para a Segurança pública – está presente em apenas três das sete cidades: Santo André, São Caetano e Mauá. A demora para que a ferramenta seja inserida em toda a região coloca em xeque, conforme especialistas, a eficiência da tecnologia, capaz de cruzar dados do trânsito em tempo real com o banco de dados das polícias Civil e Militar e do Detran-SP (Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo).

Atualmente, a região possui integração com o Detecta através de 114 câmeras instaladas em 46 pontos diferentes. “Se você não possui o sistema implantado em todo o Grande ABC, assim como deveria ocorrer também nos municípios da Região Metropolitana de São Paulo, o sistema criará clarões. Isso significa que a rede não está completa, você não terá uma barreira contra os criminosos nas divisas, o que facilitará a rota de fuga deles”, explica David Siena, coordenador do Observatório de Segurança Pública da USCS (Universidade Municipal de São Caetano).

Um dos exemplos da ineficiência do programa perante as estatísticas criminais da região, segundo os especialistas, é a presença de rodovias importantes cortando as sete cidades, tais como Via Anchieta e o Rodoanel, que ligam o Grande ABC a outras cidades da Região Metropolitana de São Paulo. “Se você tem câmeras em Santo André e não em São Bernardo, há um ponto cego para a fuga nas rodovias”, ressalta Siena.

Principal bandeira do Estado para auxiliar na redução dos indicadores criminais, o Detecta conta hoje com 5.685 leitores de placas em pelo menos 2.435 pontos espalhados por São Paulo. O número, no entanto, é considerado insuficiente por especialistas. “A implantação do sistema ainda segue ritmo modesto, muito em virtude do alto custo da tecnologia e da crise do País”, pondera o ex-secretário nacional de Segurança Pública e coronel da Polícia Militar, José Vicente da Silva Filho.

Na avaliação do coronel, embora seja uma tecnologia de ponta, presente apenas em São Paulo e na cidade de Nova York, nos Estados Unidos, o Detecta ainda carece de integração regional. “O sistema poderá ter uma avaliação melhor quando estiver presente em toda a Região Metropolitana do Estado”, afirma.

 

LENTIDÃO

Em setembro de 2014, o governo do Estado iniciou tratativas com o Consórcio Intermunicipal do Grande ABC para integrar as câmeras municipais de toda a região ao Detecta. No entanto, o processo não avançou.

Atualmente, São Bernardo e Ribeirão Pires afirmam dialogar com o Palácio dos Bandeirantes para implantação do sistema. Porém, as duas cidades não dão prazo para oficializarem o convênio.

No caso de São Bernardo, a Prefeitura afirma que as tratativas estão avançadas com a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo. “A administração já submeteu documentação manifestando interesse aos técnicos da SSP, que, por sua vez, estiveram em vistoria técnica no Centro Integrado de Monitoramento, localizado na região central da cidade”. Atualmente, o município dispõe de 400 câmeras, sendo todas aptas para o projeto Detecta.

Diadema e Rio Grande não informaram ter negociações em vigência no momento.

 

CONEXÃO

Por meio de nota, a SSP destacou que o Detecta é hoje maior big data – grande volume de dados que impactam a sociedade – da América Latina, com conexão a dados do sistema operacional da PM, além de informações de veículos e de carteira de habilitação por meio do Detran. “Com auxílio do sistema, de 2014 a agosto de 2018, 11.173 pessoas foram presas em flagrante e 6.875 veículos foram interceptados em todo o Estado, sendo 149 pessoas e 96 veículos na área do Grande ABC”, justifica o órgão.

 

 




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