Empresários do Grande ABC possuem, desde outubro de 2009 à sua disposição, mais uma fonte de crédito. A Agência de Fomento Paulista liberou, até o momento, R$ 15,6 milhões a companhias da região em 59 operações. O município que mais recebeu financiamentos foi São Bernardo (R$ 6,4 milhões), seguido de Mauá (R$ 3,8 milhões).

Somente neste ano foram financiados R$ 3,3 milhões em sete operações, o que dá uma média de R$ 471 mil por contrato. Podem tomar o crédito empresas que faturam entre R$ 240 mil e R$ 100 milhões, intervalo que inclui pequenas firmas. Geralmente os valores emprestados, segundo o presidente da agência, Milton Luiz de Melo Santos, giram em torno de R$ 200 mil a R$ 300 mil.

Em sua avaliação, o avanço do crédito no Grande ABC é positivo, mas ele acredita que poderiam ter sido emprestados mais recursos. "Considerando a densidade de empresas existentes na região, o valor é pequeno. A divulgação ainda é muito modesta, embora tenhamos um grande parceiro que é a Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC."

O montante representa apenas 5,5% do total financiado a empresários em todo o Estado no mesmo período: R$ 280 milhões.

CENÁRIO

A boa notícia ao empresariado é que, mesmo com o cenário de alta da Selic, atualmente em 11,75%, os juros do financiamento não serão alterados, se mantendo em 8% ao ano mais a variação do IPC (Índice de Preços ao Consumidor). Caso o empréstimo tenha caráter de manutenção ambiental, a taxa cai para 6% ao ano.

Esse é um dos chamarizes ao financiamento, já que por conta da valorização do real frente ao dólar, os empresários não conseguem expandir suas vendas ao Exterior e sofrem com a enxurrada de itens importados. "Esse cenário pode impactar na tomada de crédito, pois se o empresário não consegue desovar sua produção, não tem como fazer um empréstimo para expandir seus negócios."

Em todos os contratos realizados na região, o setor beneficiado foi a indústria. Empresários de comércio e serviços não registraram tomada de empréstimos. Isso reflete o foco da agência, que é o financiamento da ampliação e modernização dos negócios. Apesar disso, Santos ressalta que existem linhas de financiamento voltadas aos outros segmentos.

Os empréstimos não são feitos como os do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), pelo intermédio de banco. O contato é realizado por entidades de classe, associações ou sindicatos e, na região, por meio da Agência de Desenvolvimento.

Só conseguem pleitear o crédito empresários que não tenham dívidas em bancos, títulos protestados, CNPJ sujo ou tributos em atraso.

Companhia de Santo André financia compra de software

Foi por intermédio da Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC que a North East, empresa de Santo André de desenvolvimento de produtos de engenharia que atende principalmente a área automotiva, tomou empréstimo da Agência de Fomento Paulista.

A companhia de pequeno porte precisava financiar um software que não existia no País e, portanto, não pôde solicitar o crédito ao BNDES, que prioriza o produto interno e financia apenas o que for tecnologia nacional. "Começamos a procurar alternativas na internet até que chegamos à agência de fomento, que para nossa sorte não possui essa restrição", conta o diretor da North East, Luiz Barbosa.

O processo, segundo ele, ocorreu em um prazo razoavelmente curto, em quatro meses. "É claro que não se pode comparar a um banco privado, que leva no máximo uma semana para avaliar sua empresa. Mas a taxa de juros é boa e, após a avaliação minuciosa, que analisa desde a abertura da empresa, o fluxo de caixa e as condições de prosperar no mercado, o dinheiro sai rápido."

Barbosa ressalta que o montante emprestado não vai direto para a conta da companhia. A agência de fomento faz primeiro um monitoramento no possível fornecedor e, então, transfere os recursos direto para a conta dele.

"Isso dá credibilidade à agência. Sem dúvida recorreremos novamente a essa fonte de crédito. Ela é muito boa para empresas da nossa área, de desenvolvimento de produtos, pena que muitos ainda a desconhecem."