Economia Titulo Preços
Inflação atinge 0,36%
em maio e 2,24% no ano

IPCA ilustra a inflação para as famílias que têm renda mensal
de até 40 salários-mínimos, o que hoje representa R$ 24.880

Por Pedro Souza
07/06/2012 | 06:33
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A inflação oficial do País contrariou as apostas dos analistas do mercado financeiro. O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) variou positivamente só 0,36% em maio. O resultado foi divulgado ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Para o consumidor, o aumento médio dos preços no acumulado dos cinco primeiros meses do ano foi menos intenso do que no mesmo período do ano passado. O indicador soma expansão de 2,24%. Em 2011, as famílias já pagavam 3,71% mais caros, em média, pelos produtos e serviços em maio em relação ao fim de 2010.

O IPCA ilustra a inflação para as famílias que têm renda mensal de até 40 salários-mínimos, o que hoje representa R$ 24.880. Mas na maioria das vezes, os consumidores com os menores salários são os que mais sofrem com as elevações de preços. Os alimentos geram grande parte do indicador. E esses produtos são a base do consumo das famílias, portanto quem ganha menos gasta maior parte da renda com comida. E qualquer elevação tem bem maior impacto na renda disponível, ou seja, o dinheiro que sobra após os gastos básicos.

Na segunda-feira, o Banco Central publicou o boletim Focus. O documento, que é uma publicação semanal, reúne as previsões dos economistas e analistas do mercado financeiro e empresas não-financeiras para os indicadores econômicos. Para o IPCA, era esperada alta de 0,46% na mediana agregada.

Mas, segundo o IBGE, o resultado veio abaixo, com acréscimo de 0,36%. Em relação à variação de abril, houve desaceleração. Os preços para as famílias subiram, em média, 0,64% naquele mês.

Na comparação apenas com os meses de maio, o resultado do mês passado foi o menor desde 2007. Na época, o IPCA variou positivamente 0,28%. Em 2011, maio apresentou alta de 0,47%.

Em relação ao acumulado do ano, 2,24%, o resultado é o menor desde 2009. Segundo o IBGE, nos primeiros cinco meses daquele ano o indicador oficial de inflação acumulava 2,20%.

Desta vez, em 12 meses encerrados em maio, o IPCA atingiu 4,99%. Este é o mais baixo resultado desde 2010, quando o percentual chegou a 4,70%. No ano passado, as famílias pagavam 5,10% mais caro em maio sobre o quanto gastavam em junho do ano anterior.

Esta é a oitava vez consecutiva que o IPCA acumulado em 12 meses cai. "Isso mostra tendência de desaceleração, pois sob esta ótica de 12 meses é desconsiderada a sazonalidade de cada mês", explicou o professor de Economia do Ibmec Reginaldo Nogueira. "E é reflexo da economia desaquecendo".

Inadimplência reduz consumo e gera estabilidade de preços

O ritmo crescente da inadimplência no País teve impacto direto na desaceleração da inflação de maio frente a abril, avaliou o professor de Economia do Insper Otto Nogami. Para o acadêmico, as famílias estão consumindo menos por causa de suas contas, várias delas atrasadas por mais de 90 dias.

"O IPCA de maio nada mais, nada menos é o reflexo do nível de inadimplência no País", afirmou Nogami. Segundo ele, o modelo de estímulo ao consumo do governo federal, elevando a oferta de crédito, já está esgotado. E o resultado de toda essa salada de cenários é o desaquecimento da economia.

O professor de Economia da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) Giuliano Contento de Oliveira disse que sob a ótica da inflação, a alta de 0,36% do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) é positiva, tendo em vista que os preços subiram pouco.

"Mas por outro lado reflete baixo nível de atividade econômica", pontuou Contento. Ele explicou que o interessante para o País era que a inflação desacelerasse com o crescimento da atividade econômica. "Mas na verdade ela está caíndo pelo resfriamento."

Na semana passada, o IBGE informou que o PIB (Produto Interno Bruto) nacional cresceu 0,2% no primeiro trimestre sobre os três meses anteriores. Em igual período de 2011, a alta foi de 2,1%.




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