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Preços estáveis, mas falta financiamento

Crédito é fundamental para aumentar demanda do mercado

Por Cláudio Conz
21/04/2011 | 00:00
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Nesta semana, foram divulgados os dados referentes aos preços de materiais de construção registrados pelo índice de custo de vida do Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos). No primeiro trimestre de 2011, os preços de materiais de construção em São Paulo se mantiveram estáveis, subindo em média 2,27%, índice abaixo da inflação do período, que ficou em 2,62%.

De acordo com a pesquisa da entidade, areia, telhas de amianto e cimento tiveram queda nos preços. O único item pesquisado que registrou aumento bem acima da inflação foi o tijolo, cujo valor aumentou 7,3%.

Não há motivos para que os preços dos materiais aumentem, pois a oferta está ajustada à demanda. E, segundo a nossa pesquisa mensal da Anamaco, em parceria com o Ibope Inteligência, as nossas vendas estão estáveis.

No mês de março, varejo de material de construção apresentou aumento discreto no volume de vendas do mês de março, na comparação com o mês de fevereiro, com crescimento de 1%. Dentre todos os segmentos pesquisados, apenas tubos e conexões de PVC apresentou resultado mais positivo, com alta de 4,8% no mês. Na relação março 2011 sobre março de 2010, o setor não apresentou crescimento. Mesmo assim, as expectativas dos revendedores para o mês de abril são bastante otimistas. Muitos deles acreditam em expansão superior a 5% em abril sobre março.

A previsão de crescimento do varejo da construção feita pela Anamaco para 2011 já foi revista de 11% para 8,5% porque as vendas do início do ano ficaram abaixo do esperado. Com vendas em ritmo menos acelerado e grande competição no varejo não há como os preços subirem. Mas haverá algum reajuste no segundo semestre, pois o mercado deve se aquecer. Por isso, recomendo que as pessoas se planejem e já comprem agora. Vale a pena ficar de olho nas promoções e acompanhar os preços para economizar; esta é uma boa hora para investir numa reforma.

ESTÍMULO AO FINANCIAMENTO

Embora os preços e as vendas não tenham subido, segundo dados do indicador Serasa Experian de atividade do comércio, também divulgados nesta semana, o movimento dos consumidores de material de construção nas lojas foi o que mais cresceu neste primeiro trimestre entre todos os segmentos da economia, registrando aumento de 14,1%.

Este número é obtido exclusivamente pelo volume de consultas mensais realizadas por estabelecimentos comerciais à base de dados da Serasa . Ou seja, se o setor da construção foi o campeão em consultas no Serasa, significa que nosso consumidor está querendo financiar.

Mas como explicar o fato de que as consultas na Serasa cresceram 14,1% e as vendas permaneceram estáveis?

Estes dados apontam para tendência de incremento do uso de financiamento pelos consumidores, o que poderia facilitar e ampliar muito as vendas. Mas não há financiamentos suficientes para atender a toda a demanda do mercado.

Ainda em 2009, no mesmo período do lançamento oficial do programa Minha Casa, Minha Vida, a Caixa Econômica Federal ampliou de 96 para 120 meses o prazo de amortização da linha de crédito Construcard, com recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) para a compra de material de construção por famílias com renda de até R$ 1.900 por mês. Elas poderiam, assim, financiar até R$ 25 mil, com juros que variam entre 5% e 7,16% ao ano, de acordo com a renda, e o dinheiro é disponibilizado na hora.

No entanto, o resultado do programa não alcançou os índices desejados. Dois anos após seu lançamento, o que observamos é que não foram utilizados nem 10% dos valores que foram disponibilizados.

Como integrante titular do conselho curador do FGTS, pretendo trabalhar para eliminar as amarras burocráticas que fazem com que este programa de financiamentos não funcione como deveria. É preciso dinamizar os sistemas de financiamento para que o consumidor tenha acesso ao material de construção.

A cadeia produtiva da construção é um grande propulsor de crescimento para a economia brasileira. Movimentando o comércio da construção, conseguimos fazer o ciclo do construbusiness se manter em movimento, gerando emprego, renda e riqueza para o País. Além disso, o acesso ao material de construção ajuda a melhorar a qualidade da moradia do brasileiro, além de diminuir o deficit habitacional, que perpassa os 7 milhões de habitações.

Se garantimos o acesso ao material de construção a nosso consumidor formiga, que é aquele que põe a mão na massa, ele mesmo escolhe os produtos, contrata o pedreiro, enfim, acaba gerenciando a obra, podemos reduzir bastante o deficit de moradia. Por isso, desburocratizar os financiamentos acaba sendo tão importante.




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