Relação foi entregue junto com delação; soma das
contribuições no Grande ABC é de R$ 764,8 mil
Pelo menos nove políticos do Grande ABC aparecem na lista de doações eleitorais efetuadas pela JBS. Os nomes constam em relação de 1.829 candidatos auxiliados financeiramente pela empresa. A planilha foi apresentada à PGR (Procuradoria-Geral da República) como parte da delação premiada feita por sócios e executivos da companhia no âmbito da Operação Lava Jato.
Foram contemplados Gilberto Costa (PEN), ex-vereador de São Caetano; Cidão do Sindicato (SD), ex-vereador de São Caetano; Ailton Lima (SD), atual secretário de Desenvolvimento Econômico de Santo André; Ana Glória Silva (PEN), de Santo André; Marcelo Lima (SD), vice-prefeito de São Bernardo; Frank Aguiar (PRB), ex-vice-prefeito de São Bernardo; Regina Gonçalves (PV), secretária de Habitação de Diadema; Vanessa Damo (PMDB), ex-deputada estadual de Mauá; e Diniz Lopes (PSB), ex-prefeito interino de Mauá. Todos foram candidatos na eleição de 2014. A maioria nega irregularidades.
Somadas, as transferências da JBS para esses políticos do Grande ABC chegam a R$ 764,8 mil. A companhia relatou à PGR que doações a campanha foram forma encontrada de buscar contrapartidas à companhia no setor público.
Regina, que há três anos buscou cadeira de deputada estadual, foi quem mais recebeu: R$ 173 mil. O recurso foi registrado na prestação de campanha da verde ao fim do processo eleitoral. “Foi doação via direção estadual do meu partido. Não conheço e nunca tratei de doações eleitorais com a empresa (JBS). Foi doação oficial, devidamente registrada e respeitando as leis.”
De fato, todos os nove citados na lista da JBS declararam oficialmente a verba obtida para campanha eleitoral. O aporte teve como origem depósitos efetuados pelas direções estadual ou nacional dos respectivos partidos ou da campanha de candidatos com mais estrada na política. Como é o caso de Marcelo.
Em 2014, o hoje vice-prefeito estava no PPS e concorreu a deputado estadual. Dos R$ 43 mil recebidos da JBS, a maior parte veio do comitê do ex-ministro Roberto Freire (PPS), candidato a deputado federal à ocasião. “Nunca recebi doação (direta) da JBS. Não tenho qualquer relação com a empresa ou tive doação (direta) dessa empresa”, disse.
Ailton argumentou que o dinheiro foi repassado pela direção do SD à sua campanha a deputado federal. “Não participei desse pedido e não tenho relação com a JBS”. Diniz e Gilberto seguiram a mesma linha. “Perguntei se o dinheiro era regular e me disseram que sim. Tanto que tive contas aprovadas de campanha”, relatou Diniz. Cidão do Sindicato também alegou que o recurso teve origem da direção do SD.
O Diário não localizou Vanessa, Ana Glória e Frank para comentar o caso. (Colaborou Felipe Siqueira)
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