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R8 GT: só falta decolar
Vagner Aquino
Do Diário do Grande ABC
24/08/2011 | 07:00
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Por e-mail, chega um convite da Audi: Você é convidado para participar do evento que vai mudar a sua relação com a velocidade para sempre.

Até pensei que era mais um entre os tantos lançamentos que vêm acontecendo, afinal, o fim do ano está se aproximando e as montadoras precisam encher as ruas de novidades.

Na sequência, outro e-mail, me pedindo medidas, número de calçado e até tipo sanguíneo. "Ai, ai, ai, o que está por vir?", pensei eu. Passada uma semana, soube que o evento seria na pista da Embraer - que há mais de 40 anos fabrica aeronaves - em Araraquara, interior de São Paulo.

Chega o dia. Quatro horas de viagem. No local, um hangar gigantesco onde a Audi montou uma megaestrutura para nos receber. Nas pistas (que servem para pousos e decolagens de aviões), vários Audi R8 nos esperavam para brincar. Ali, faríamos testes de slalom (isso mesmo, aqueles onde driblamos os cones a uma velocidade contínua), aceleração e frenagem.

Mas o momento mais aguardado seria uma espécie de competição, onde tínhamos a meta de bater o recorde de velocidade a bordo da mais recente novidade da marca, o R8 GT.

Baseado no R8 convencional e com elementos da edição de competição, LMS (Le Mans Series) - que disputa a GT3 - o primeiro modelo da montadora das quatro argolas que custa R$ 1 milhão no Brasil conta com apenas 333 unidades, mas as três importadas para o Brasil já têm donos.

 

EXPERIÊNCIA ÚNICA

Já com o macacão, luvas, sapatilha e capacete, lá vou eu em direção à parte externa do hangar.

Meu nome é o primeiro da lista na turma da tarde. Já abastecido e limpo (devido aos testes feitos com os jornalistas na parte da manhã) o carro em tom acinzentado, com aquele olhar iluminado por faróis de LED (assim como as lanternas) para à minha frente. As pernas tremem.

Em meio às câmeras e muita euforia, entro no carro, que está 100 quilos mais magro do que a versão convencional - são 1.525 quilos - graças aos paineis de alumínio na carroceria, o uso de componentes mais leves na transmissão e rodas e freios em cerâmica.

Hora de ajeitar a posição do banco (de competição com estrutura de fibra de vidro reforçada com fibra de carbono, que resultou na redução de 31,5 quilos) e do volante. Com tudo nos conformes, inclusive o cinto de quatro pontos afivelado, fecho a porta do carro.

Ao olhar pelo retrovisor interno, avisto o aerofólio feito em fibra de carbono, que contribui com a aerodinâmica.

Uma das regras da competição era realizar todo o trajeto trocando as seis marchas do câmbio automatizado R tronic através das borboletas atrás do volante.

Posiciono o câmbio no modo combinado, solto o freio de mão e, ao empurrar o pé direito no pedal do acelerador, penso que estou a alguns minutos de bater a velocidade mais alta que já experimentei em solo. E mais, sob o meu comando!

Um parênteses: segundo a Embraer, com os pneus no solo (antes de decolar) um avião chega, em média, aos 280 km/h.

 

Na pista, uma fusão de sensações

 

Ao sair do ponto de concentração, já vou me familiarizando com as trocas de marcha - que deveriam ser feitas entre os 7.800 e 8.000 rpm para não perdermos velocidade durante o trajeto.

Em questão de segundos chego ao ponto de partida. É o momento mais esperado do dia.

Mas antes de largar, era necessário checar todos os detalhes do carro, assim como nos boxes das corridas de Fórmula 1.

Começa a contagem regressiva de três segundos. Ao sinal de certo, começo a explorar toda a fúria do motorzão 5.2 V10 FSI de 560 cv do R8 GT com a tradicional tração integral Quattro. Já de cara, sou abraçado pelas abas do banco. O torque é de 55,1 mkgf a 6.500 rpm. Até os 100 km/h, são necessários absurdos 3,6 segundos. Até os 200 km/h, são 10,8 segundos.

Entre uma troca de marcha e outra, minha meta é bater o recorde de velocidade do carro (a máxima declarada é de 330 km/h).

Com cinco quilômetros de extensão e 100 metros de largura, a pista parece não ter fim. Mas nessa hora, só o que enxergo é o conta giros para tentar trocar as marchas na hora certa.

As ranhuras da pista (propositais para garantir maior controle dos aviões durante pousos e decolagens) fazem o carro vibrar constantemente. Seguro firme o volante.

Quando chego na sexta marcha acaba a minha preocupação com o giro do motor. Passo a atolar ainda mais o pé no acelerador, afinal, vejo que o velocímetro (digital) marca 276 km/h. Já é uma velocidade incrível, mas eu queria mais.

Em questão de segundos, o asfalto é deixado para trás. Ultrapasso os 300 km/h. Lá se vão 305, 310, 315... 319 km/h. A adrenalina é tanta, que mal vejo o sinal de que é hora de aliviar o pé, reduzir as marchas e finalizar o teste.

O experimento chega ao fim e, confesso que a emoção não me permitiu perceber que o veículo tem ar-condicionado automático, sistema de navegação e computador de bordo...

Não ocupei o primeiro lugar do pódio, mas esta experiência, com certeza, ficará no topo da minha memória ao classificar as sensações mais indescritíveis da minha vida.




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