Não é só "Lula, o Filho do Brasil", de Fábio Barreto, que sofre a acusação de ser chapa branca. A mesma definição foi aplicada ao documentário "Caro Francis", de Nelson Hoineff, que estreia hoje.

Paulo Francis, tendo surgido na mídia impressa - como crítico de teatro -, popularizou-se na TV como grande provocador. A esquerda o detestava. Nenhum documentário que não fosse para demolir Francis não interessaria à velha esquerda. Daí a alcunha de chapa branca colada no filme.

Que o filme é afetivo e até simpático ao personagem, não há dúvida. O ‘Caro' do título já estabelece um conceito e até pode ser considerado advertência. Mas Hoineff, por meio de depoimentos e imagens de arquivo, dá conta da complexidade da figura. Mesmo como pensador ‘de direita' - não seria melhor ‘não alinhado'? -, Francis dava de dez nos seus epígonos atuais. Era um homem de cultura, que havia lido os livros que os outros hoje só dão a impressão de conhecer pela orelha.