Economia Titulo Planejamento
Planejar é receita para não ficar inadimplente
Tauana Marin
Do Diário do Grande ABC
27/04/2009 | 07:04
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Pagar as contas do mês nem sempre é uma tarefa fácil, ainda mais quando não se faz o devido controle. Não é por acaso que o número de cheques devolvidos bateu recorde no País em março, segundo o Serasa - no terceiro mês deste ano foram devolvidos 24,6 cheques a cada 1.000 compensados, maior índice registrado pelo levantamento, iniciado em 1991. Isso é resultado da falta de se calcular o orçamento doméstico. De acordo com o Procon-SP (Procuradoria de Proteção e Defesa do Consumidor), 80% das famílias brasileiras não têm esse hábito.

Segundo Diógenes Donizete, assistente técnico de diretoria do Procon-SP, o problema não está em quanto se recebe, mas sim, em quanto se gasta. "É necessário administrar as contas. Indicamos que as pessoas contabilizem receita (o salário) e despesas. Essa equação não pode ficar negativa, pois é nessas ocasiões que a pessoa fica mais vulnerável a entrar no cheque especial, estourar os limites do cartão de crédito e não pagar os tradicionais boletos", advertiu.

Ele explicou que 20% das pessoas hoje incorporam o limite do cheque especial ao salário. "Esse é o primeiro passo para aumentarmos a inadimplência. As pessoas precisam viver com aquilo que ganham. Coisas supérfluas foram feitas para serem cortadas", afirmou Donizete.

Outro cuidado, na visão do técnico do Procon-SP, é com relação aos financiamentos. Um exemplo é a compra a prazo do carro. "Não basta saber se a prestação cabe no bolso. Em três anos de uso do veículo, paga-se o valor total do bem com gastos diários. Por exemplo, se o veículo custa R$ 60 mil, por ano a pessoa terá um gasto de R$ 20 mil, somando IPVA, seguro particular, seguro obrigatório, licenciamento, combustível, pedágios, multas, troca de pneus, óleo, entre outras despesas", exemplificou.

RECEITA - Fábio Gallo Garcia, professor de Finanças da FGV-SP (Fundação Getulio Vargas-São Paulo) e PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) ensinou uma receita para evitar o endividamento. Nada melhor do que colocar mensalmente em um caderno gastos com alimentação e gastos com a manutenção da casa. "Esses dois itens são de extrema necessidade, envolvem a compra do mês, contas de água, gás, luz, telefone, aluguel, condomínio, IPTU, entre outras", comentou.

Em seguida, deve-se listar as contas contornáveis - aquelas que podemos deixar de pagar enquanto o saldo no banco não fica azul - como TV a cabo, internet banda larga, contas altas de celular. Por último, ficam as despesas desnecessárias, como a mensalidade do clube que a pessoa não frequenta.

As medidas são essenciais para precaver as dívidas, mas também no caso de reverter a situação. Para aqueles que estão no vermelho essa medida, a longo prazo, equilibra a equação entre receita e despesas.

"Contraídas as dívidas o passo para regularizar a situação, após colocar no papel todo o planejamento financeiro, é negociar o parcelamento do saldo devedor com o agente financeiro. Outra opção é fazer a troca por um financiamento com juros menores (o consignado, por exemplo) ou mover a ação de revisão na Justiça, o que reduzirá a dívida em até 50% dos juros e encargos cobrados", aconselhou o presidente do Ibedec (Instituto Brasileiro de Estudo e Defesa das Relações de Consumo), José Geraldo Tardin.

LIÇÃO - Depois de passar por alguns apertos na hora de pagar as contas, a professora aposentada Anna Maria Mariano Custódio, 69 anos, moradora de Diadema, resolveu com a ajuda da filha e do genro ter um caderninho para listar suas despesas e necessidades a serem pagas.

"Cheguei a não pagar meu convênio médico e precisar morar por sete meses na casa do meu genro. Não fazia contas, não me preocupava com meu futuro. Tinha mania de comprar as coisas e nem olhar o quanto custava", relembrou.

Hoje, Anna Maria conta com orgulho que fazendo um planejamento prévio das despesas e utilizando o bom e velho caderninho, é possível se manter sozinha em seu apartamento, com alguma sobra uma reserva para guardar e gastar.




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