Após 23 dias da desfiliação do PSDB, o vereador Paulinho Serra oficializou ontem o ingresso no PSD e apoio à candidatura a prefeito do deputado estadual petista Carlos Grana.

Inclusive, aceitou colocar uma estrela do PT na lapela do paletó a pedido da vice petista, Oswana Fameli. Incomodado, o ex-tucano disse que foi apenas uma brincadeira e ficou com o símbolo apenas alguns segundos (depois tirou e passou para uma assessora) em homenagem ao prefeito Celso Daniel (morto em 2002). "Meu projeto é o PSD, não podemos misturar as coisas", afirmou Paulinho.

Anunciado como um dos coordenadores de campanha, o ex-tucano entrará no corpo a corpo até domingo para remodelar passos da estratégia eleitoral. Por conta do perfil do parlamentar, a tática passa agora a também aproximar-se do eleitorado da região central, setor de pouca inserção do PT.

Em churrascaria, Paulinho recebeu as bênçãos da alta cúpula petista, reunindo lideranças como o ex-prefeito João Avamileno, a ex-vice-prefeita Ivete Garcia e o deputado federal Vanderlei Siraque, protagonistas da disputa interna em 2008, além do grupo pessedista que viabilizou sua entrada na sigla: o vereador da Capital, José Police Neto, e o deputado estadual José Bittencourt. Ao entregar o plano de governo, elaborado no período em que presidiu o ITV (Instituto Teotônio Vilela), o parlamentar teve a garantia de que suas propostas serão acopladas ao programa do PT.

Colocando-se à disposição para oferecer "suor, saliva e sola de sapato", Paulinho afirmou, eufórico, que atuará com toda força para recolocar a Prefeitura no caminho certo.

Segundo ele, a escolha pela candidatura de Grana se deu por representar modernidade administrativa e nova alternativa no cenário. "Tentamos construção (com candidatura própria) que não se consolidou diretamente, mas agora com intensidade será absorvida pelo Grana."

O prefeiturável petista assegurou que as propostas apresentadas estão em convergência com a linha da coligação, composta por sete partidos. "O conjunto se somará ao nosso plano, que será lançado dia 13, e teremos a oportunidade de dar continuidade a projetos elaborados pelo Avamileno, Siraque e Celso, para reconstruirmos a cidade."

Entre os planos, está retomar o Eixo Tamanduateí, projeto de Daniel, com a implantação do Polo Tecnológico e o Poupatempo de serviços na região, projetos que não tiveram êxito no governo Aidan Ravin (PTB).

Sobre a possível estranheza de seu eleitorado - mais elitizado - quanto à adesão ao PT, Paulinho abordará a mudança de postura do PSDB e a falta da reforma política. Como novo presidente do PSD, ele sustentou que a questão partidária fica confusa aos eleitores.

Diante da união, Paulinho deve obter retribuição de apoio para 2014 numa campanha a deputado, provavelmente a federal. O posicionamento tende a render ação do PSDB na Justiça eleitoral para retirar a seu mandato de vereador, conforme já explicitado pelo presidente do tucanato local, Ricardo Torres.

Articulador do PSD na Região Metropolitana de São Paulo, Police Neto apoiou Aidan em 2008. Por outro lado, ao fim do primeiro biênio de mandato percebeu que não dava para acreditar na gestão. "Não dá mais para acreditar na capacidade transformadora que o Aidan falava no período eleitoral."