Um dia após o Diário mostrar que bandidos da região vinham escolhendo restaurantes como alvo de assaltos, a Polícia Militar prendeu na tarde de ontem dupla em flagrante por roubo qualificado após ação em estabelecimento no bairro Jardim. É apurada a possibilidade de eles estarem envolvidos nas outras seis ocorrências do tipo registradas em Santo André no último mês.

Por volta das 15h, Valdecir Borges de Menezes, 37 anos, e seu comparsa, Ronaldo de Jesus Moreira, 35, entraram no restaurante fingindo serem clientes. Após terminarem a refeição, anunciaram o assalto e fizeram um arrastão nos funcionários e seis clientes presentes, além de roubar o Peugeot 206 preto do proprietário para ser usado na fuga.

Acionados, os policiais avistaram o carro nas cercanias do Jardim Santo André. Foi necessária perseguição de sete minutos, sem troca de tiros, até que outra viatura os interceptasse, já na região do Parque Miami.

Os dois ladrões moravam no bairro onde foram avistados. Menezes, que estava dirigindo o veículo, tem duas passagens anteriores por roubo. Moreira já foi parar na cadeia por furto. Eles portavam dois revólver, um calibre 38 e outro 32.

Segundo clientes que estavam no local, a ação durou menos de 20 minutos. "Foi tudo muito rápido", disse. Após anunciarem o assalto, gritavam palavrões e frases de exaltação a uma facção criminosa que atua dentro e fora dos presídios do Estado. Obrigaram todos a permanecerem deitados no chão da cozinha. "Você fica em uma situação difícil ali, sem poder ver nada, saber o que estão fazendo", completou. O proprietário não quis conceder entrevistas, mas revelou que foi a primeira vez que sofreu assalto.

A dupla ficará à disposição para reconhecimento de outros donos de restaurantes que tenham sido assaltados. Por enquanto, o modo de atuação é compatível apenas ao único caso de arrastão registrado na região, há cerca de um mês, em comércio da Vila Assunção, também na cidade. Após esse período, os dois serão encaminhados para o CDP (Centro de Detenção Provisória) local, onde ficarão presos.

A prisão foi elogiada pelo coronel Helson Léver Camilli, comandante da Polícia Militar no Grande ABC, que vem fazendo levantamento detalhado dos crimes contra restaurantes para traçar o modo de repressão a esse tipo de ação. "É necessário estudar caso a caso para análise mais ampla sobre o assunto", disse.

No interrogatório preliminar, Menezes e Moreira negaram participação em outras ações a restaurantes da região. O caso de ontem foi o sétimo, segundo dados da Sehal (Sindicato dos Estabelecimentos de Hospedagem e Alimentação do Grande ABC), do tipo. Apenas um deles ocorreu fora de Santo André, em uma churrascaria de Mauá, próximo da divisa.