Política Titulo
Semana será decisiva para Luizinho
Roney Domingos
Do Diário do Grande ABC
22/01/2006 | 08:45
Compartilhar notícia


O deputado federal Luiz Carlos da Silva, Professor Luizinho (PT-SP), de Santo André, disse que não descarta a possibilidade de recorrer até mesmo ao STF (Supremo Tribunal Federal) caso o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados peça a cassação de seu mandato por quebra do decoro parlamentar. A votação do relatório de Canedo no Conselho de Ética está marcada para terça-feira, às 14h30. Depois, ainda sem data marcada, irá a plenário.

Na quinta-feira passada, o relator do processo contra Luizinho, Pedro Canedo (PP-GO), que defendia publicamente punição mais branda, surpreendeu os colegas ao pedir a cassação do petista. O deputado reagiu indignado à mudança de posicionamento de Canedo e anteontem revelava disposição de brigar na Justiça para garantir direito pleno à defesa. “Eu vou analisar com meu advogado todas as possibilidades. E quero garantir a análise correta das provas. Não descarto a hipótese”, disse Luizinho.

A deputada Ângela Guadagnin (PT-SP) pediu vista ao relatório de Canedo por considerar que a pena sugerida pelo relator para Luizinho foi muito pesada. A iniciativa de Ângela adiou por duas sessões a votação no Conselho. A deputada afirmou que poderá declarar voto em separado sugerindo pena mais branda para Luizinho ou o arquivamento do caso. Na sexta-feira passada, o conselho votou pela cassação do deputado Wanderval Santos (PL-SP), acusado de receber R$ 150 mil do publicitário Marcos Valério. Wanderval disse que recorreria da decisão à Comissão de Constituição e Justiça e até mesmo ao STF. “O caso de Wanderval não é idêntico ao meu. É outra situação. O pedido de pena de morte para casos tão distintos torna as decisões do conselho profundamente arbitrárias”, disse o deputado.

Tratorzinho – Luizinho está confiante na possibilidade de reverter no plenário um eventual parecer pela cassação sugerido pelo Conselho de Ética. “Eu confio nos meus pares. Considero que na hora de colocar o voto na urna agirão com a consciência”, afirmou. O deputado que foi vice-líder e líder do governo Lula na Câmara em 2003 e 2004 chegou a ser chamado de “tratorzinho” pela maneira como conduzia as negociações em plenário. Luizinho afirma que não teme uma reação negativa dos colegas e afirma que não tem inimigos visíveis.

“Nunca tive postura arrogante. Negociei de forma profunda e sempre alteramos propositivamente para melhor. Para mim não interessava se era situação ou oposição. Mesmo quando a oposição fechava contra, sempre executei o diálogo ao extremo. Quando a luta política imperava, não podia deixar de votar e votávamos. Em vez de acirrar ânimos, isso, pelo contrário, criou muito respeito dos meus colegas em relação a mim. Sempre cumpri meus compromissos, inclusive com a oposição.”

Luizinho foi citado no relatório conjunto das CPIs dos Correios e do Mensalão porque seu então assessor, Nilson dos Santos, recebeu R$ 20 mil das contas do publicitário Marcos Valério no Banco Rural. O deputado argumenta que não sabia da transação e que Nilson dos Santos, demitido após o escândalo, agiu por contra própria ao receber o dinheiro, segundo ele, destinado à campanha eleitoral de 2003. O relator foi taxativo: “Concluímos que há elementos suficientes que comprovam que o representado efetivamente se beneficiou de valores provenientes do esquema de corrupção valerioduto/mensalão”.

Alternativa –  A executiva do PT de Santo André – base eleitoral de Luizinho – reuniu-se na última quinta-feira enquanto o relator Pedro Canedo lia o relatório contra Luizinho em Brasília. Luizinho, no entanto, afirma que ainda é cedo para pensar em nomes alternativos ao seu para concorrer a uma vaga na Câmara em outubro. “Não quero analisar isso. Ainda é muito cedo”, afirmou.

Na próxima segunda-feira o Conselho de Ética vai discutir e votar o relatório do deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) referente ao processo contra o deputado Pedro Corrêa (PP-PE). Na terça-feira, será a vez do deputado Nelson Trad apresentar o voto sobre outro cassável, Roberto Brant (PFL-MG).



Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;