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Grande ABC vê frota crescer 2% e atingir marca de 1,89 mi de veículos

Motos impulsionam crescimento, enquanto cidades têm dificuldades para sanar nó viário

Por Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
05/03/2019 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


 Nem mesmo as recentes medidas adotadas por municípios para incentivar o uso do transporte coletivo foram suficientes para frear o número de motos e automóveis emplacados no Grande ABC em 2018. O volume da frota, segundo dados do Detran-SP (Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo), cresceu 2% no ano passado, se comparado a 2017, passando de 1,85 para 1,89 milhão de veículos. No período, ruas da região receberam 43.297 novos automóveis, média de 118 por dia.

Em uma conta hipotética, é possível afirmar que a região tem média de um veículo para dois habitantes. De acordo com o levantamento, com exceção de Diadema, seis cidades do Grande ABC já possuem número de automóveis maior do que motoristas habilitados.

Com alta de 4% no número de emplacamentos, a frota de motocicletas lidera o ranking de modelos que impulsionaram o crescimento na região. Juntas, as sete cidades chegaram a 285.710 unidades, o equivalente a 15% do total de veículos que circulam no Grande ABC.

Para especialistas, esse dado teve interferência direta do atual cenário enfrentado pelo País, como diminuição de renda e aumento de congestionamentos no sistema viário. “A facilidade de deslocamento e o preço baixo de uma moto (um modelo básico sai por volta de R$ 5.000) contribuíram para esse volume maior de vendas”, explica o engenheiro de tráfego Horácio Figueira.

Apesar do crescimento da atuação de aplicativos direcionados ao transporte individual de passageiros, o número de automóveis também cresceu, 1,96%, chegando a 1,2 milhão de unidades. Cenário este que tem agravado o trânsito no Grande ABC.

Enquanto a frota de automóveis aumenta, os diversos modais alternativos direcionados ao transporte coletivo ainda encontram dificuldades para atrair novos usuários. Em outros casos, como a Linha 18-Bronze do Metrô, que promete ligar o Grande ABC à Capital, o projeto sequer saiu do papel.

“Infelizmente, os investimentos no setor não acompanharam o crescimento da população e da frota de veículos, o que tem provocado este cenário de gargalo”, avalia o professor de engenharia civil da FEI (Fundação Educacional Inaciana) especializado em mobilidade urbana Creso Peixoto.

Um exemplo que evidencia a análise do especialista pode ser visto nos investimentos que as prefeituras do Grande ABC direcionam para a área de mobilidade urbana. Na atual gestão, com exceção de São Bernardo, que fez a abertura de um terminal de ônibus no Alvarenga e a entrega do Corredor João Firmino, nenhuma outra cidade conseguiu executar obras do setor.

Em Santo André, embora exista estudos para reativação da Estação Pirelli da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e duplicação do Viaduto Adib Chammas, ambos os projetos ainda não foram iniciados.

“O incentivo ao transporte coletivo é a única alternativa para amenizar esse impacto da frota”, avalia Peixoto.

 Aplicativos devem frear volume de automóveis nas ruas em dez anos

 A expansão do serviço oferecido por aplicativos de transporte individual de passageiros deve frear, em um prazo de até dez anos, o crescimento da frota de veículos no Grande ABC. A previsão é feita pelo engenheiro de tráfego Horácio Figueira, que destaca ainda a perda de interesse de jovens em relação à CNH (Carteira Nacional de Habilitação).

“É um cenário que já está presente na região. Muitas pessoas já aderiram aos aplicativos como única forma de transporte. Com o passar dos anos, aqueles que ainda mantêm veículo para lazer também devem seguir essa tendência ao comparar o custo-benefício para manter um carro”, pontua.

Em setembro, reportagem divulgada pelo Diário mostrou que a emissão da primeira via da CNH teve queda de 30% no Grande ABC entre 2014 e 2017 – passou de 45.683 para 32.213.

O especialista cita ainda que o crescimento da frota de motos indica a perda de interesse por carros.

 

 




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