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Travestis da Industrial relatam agressões de PMs
João Guimarães
Do Diário do Grande ABC
13/01/2008 | 07:03
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Estamos dormindo com medo.” Essa é a afirmação de Milena Lisboa, 33 anos, um dos cinco travestis que moram em terreno baldio localizado na Avenida Industrial, em Santo André. Segundo eles, desde o começo do ano, policiais militares invadiram o local por três vezes na tentativa de intimidá-los.

De acordo com as vítimas, as agressões ocorrem sempre nas madrugadas. Nos supostos ataques de policiais, uma casa de madeira foi destruída e outra, de alvenaria, queimada. Ao incendiar a construção, os agressores queimaram vivo o cachorro de estimação de um dos travestis.

Os relato das vítimas mostra ações carregadas de preconceitos. “Eles colocaram o revólver na minha boca e falavam ‘viado tem que morrer’ ”, lembra Milena, que mora no terreno há aproximadamente seis anos. “Eles me empurraram de cima da construção. Deve ter uns dois metros de altura. Gritavam ‘voa viado’”. lamenta Jully, outro travesti.

Também moradora do terreno, Yosinara, 30 anos, disse que numa das visitas um dos policias teria dito que as agressões estavam ocorrendo por causa do grande número de reclamações dos moradores de um condomínio de luxo que existe em frente ao terreno. Segundo Yosinara, os agressores ameaçaram matar todos os travestis caso eles não saíssem de lá. “Mas não tenho para onde ir. Só a rua”, diz.

Por meio de nota oficial, a Polícia Militar afirma que o 10º Batalhão Metropolitano, responsável pela região da Avenida Industrial, instaurou um procedimento para apurar se há envolvimento de policiais nas agressões.

O comando do Batalhão não descarta, na nota, a possibilidade de algum policial militar ter participado da agressão e garante que, caso a violência seja comprovada, os envolvidos serão punidos. Segundo o comando, as investigações feitas até agora não indicam o envolvimento de policiais nem de moradores do condomínio.

Ainda de acordo com o ofício, não haverá proteção específica para os agredidos, mas sim um policiamento preventivo no local para proteger todos os moradores daquela região, inclusive os travestis.



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