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Um patrimônio em recuperação

Parque do Pedroso depende de melhorias para voltar a ser opção de lazer regional

Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
28/01/2018 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


É difícil andar pela região sem encontrar ao menos um morador com história marcante, vivida entre as décadas de 1970 e 1990, dentro do Parque Natural do Pedroso, localizado no Parque Miami, em Santo André. Considerado unidade de conservação de proteção integral desde 2003, o espaço, em meio à Mata Atlântica, encontra-se em situação totalmente diferente daquela vivida em seu auge, quando atrações como pedalinho e teleférico – fechadas desde os anos 2000 – atraíam não só munícipes das sete cidades como também turistas da Capital.

Embora o espaço de 8,4 km² tenha campo de futebol, quadras poliesportivas, sanitários, churrasqueiras, ciclovia, playground e quiosques, o número máximo de frequentadores, registrado aos fins de semana, – 1.000 pessoas – está bem abaixo dos índices observados nas décadas passadas, quando o parque atraía até 6.000 visitantes em dias de maior movimento.

A queda de público tem explicação. Segundo frequentadores do local, a infraestrutura, embora tenha recebido melhorias nos últimos tempos, ainda deixa a desejar. Entre as principais reclamações estão falta de segurança, iluminação precária, brinquedos sem manutenção e, além disso, o fechamento de atrações.

Restrições devido à necessidade de preservação da fauna impedem, por exemplo, o funcionamento do pedalinho, um dos equipamentos mais lembrados pela população. “Não cheguei a utilizar, mas minha mãe sempre fala que vinha aqui com meu pai”, relata a professora de Artes, Arlete Nobrega, 36 anos.

De acordo com a Prefeitura, a prática desportiva no lago do Pedroso não é mais permitida. A restrição ocorre porque o parque é uma área de preservação ambiental, de onde provêm 5% da água consumida pelos moradores de Santo André. “Pedalinhos necessitam de óleos e graxas para sua manutenção e funcionamento, o que pode acabar por contaminar a água da represa”, explica, em nota, a administração.

Mas a saudade dos velhos tempos vai além. Tem quem se recorde do teleférico, com um quilômetro e meio de extensão e 180 metros de altura. “Fico indignada ao ver um equipamento desse desativado”, desabafa o pedreiro Humberto Batista da Silva, 48.

Segundo os visitantes, entretanto, sem segurança, áreas mais desertas do parque sofrem com a presença de usuários de drogas. “Tenho até medo de ir para pontos mais afastados. Falta iluminação”, afirma a dona de casa Lourdes Maciano, 58.

Equipamentos para as crianças também são alvo de reclamação. “Poderiam ampliar os espaços, com brinquedos”, diz moradora que preferiu não se identificar.

A expectativa, segundo a Prefeitura, é a de que os problemas listados pela população sejam resolvidos em breve. Isso porque a administração municipal prevê a instalação de equipamentos para as crianças e também de um chafariz ainda neste ano. Além disso, está em fase de projeto a ampliação de atividades de lazer na área, como construção de pista de skate, além de realização de melhorias no campo de futebol. “Com todas essas ações positivas, esperamos que a população frequente ainda mais o parque, se divirta e também o preserve”, enfatiza a Prefeitura.

Alguns frequentadores destacam a melhora da estrutura nos últimos meses, como é o caso da revitalização de 47 churrasqueiras. “Melhoraram toda a estrutura, só faltou mesmo colocar cobertura”, ressalta o estoquista Higor dos Santos Florência, 18.

Prefeitura destaca manutenção no local; teleférico depende de PPP

De acordo com a Prefeitura de Santo André, desde o ano passado, o Parque do Pedroso tem recebido melhorias. Em fevereiro de 2017, foi inaugurada passarela de acesso ao parque e, no dia 14, foram entregues ao público 47 churrasqueiras e 15 bancos recuperados, além de seis quiosques, mesas e lixeiras, que também passaram por reforma. As obras foram realizadas com recursos provenientes de TAC (Termo de Ajustamento de Conduta), firmado com a mediação do Ministério Público, a partir da necessidade de compensação ambiental devida ao município por empresa privada.

Os trabalhos foram feitos sem custos para a Prefeitura ou Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André), que, além de intermediar o TAC, realizou as obras, em parceria com a Secretaria de Manutenção e Serviços Urbanos. No total, as intervenções custaram aproximadamente R$ 648 mil.

TELEFÉRICO
Quanto ao teleférico, a Prefeitura de Santo André afirma não descartar possível PPP (Parceria Público-Privada) para revitalização do espaço, tendo em vista tratar-se de projeto de alto investimento financeiro, sem especificar valores. Atualmente, as estações do equipamento estão todas deterioradas pela falta de manutenção, sendo necessária a reconstrução dos espaços.

Em 2009, na data de reabertura do parque após dez meses de revitalização, a troca do cabeamento e maquinário estava orçada em R$ 7 milhões.

Área é seis vezes maior que o Parque do Ibirapuera

Com extensão equivalente a quase seis vezes à do Parque do Ibirapuera, na Capital, – que tem 1,5 km² – o Parque do Pedroso ainda é considerado por muitos andreenses uma das principais atrações para famílias no fim de semana.

O local, que fica aberto todos os dias, das 6h às 17h, abriga espécies animais, entre elas bichos-preguiça, veados, gambás, lagartos (como o teiú), cobras (jararacas e corais) pássaros diversos e saguis. Instituições de ensino podem agendar visitação em trilha por meio do site do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) – www.semasa.sp.gov.br.

“Esses dias mesmo encontrei um bicho-preguiça na avenida (Estrada do Pedroso). Quem imaginaria que um lugar desses poderia abrigar tanta coisa bonita”, destaca a dona de casa Cristiane Lopes da Silva, 39 anos.

Atualmente, visitantes têm à disposição, além das churrasqueiras e quiosques, estação para a captação, tratamento e distribuição de água para 5% da população de Santo André, em bairros como Vila Vitória, Vila Pires, Vila Progresso.

De acordo com a Prefeitura, em dias normais, a média de frequentadores do parque gira em torno de 70 a 100 pessoas. Já aos fins de semana o local recebe de 400 a 500 visitantes, com picos de até 1.000 frequentadores em datas festivas. 




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